Há cerca de dois anos, obras de infraestrutura mudam a paisagem do Parque Recreativo Jordão, um dos mais belos pontos turísticos de Guarapuava. Localizado a cerca de cinco quilômetros do Centro da cidade, com acesso contemplado pela pavimentação asfáltica e com iluminação completa na Avenida Rubem Siqueira Ribas, chegar ao parque é contemplar o vale em toda a sua imensidão.
Já na entrada do parque ambiental, onde ainda se preserva a mata nativa, recheadas de árvores exóticas com o pinus, a velha fábrica de papel do Boese, deu lugar a uma pequena central hidrelétrica, capaz de gerar até 4,7 MW/h de energia. O investimento de R$ 16 milhões realizado pela Dalba Hidrelétrica, integrante da holding Dalba Engenharia, resultou numa parceria público privada com a prefeitura que teve contrapartida ao município a construção de uma nova ponte sobre o rio; o alargamento do canal adutor em mais cinco metros, ficando com 13 metros de largura até a parte superior da margem direita do rio. Com 300 metros de comprimento, o canal, absorve a água para abastecer duas turbinas: uma na área total de 3,9 mil metros quadrados, com vazão de até 25 metros cúbicos de água por segundo. Isso significa que a usina consome 70% da vazão da água para gerar energia. Os outros 30% tem que correr pelo rio.
“No passado, a fábrica do Boese consumia 100% e na época de seca, quando faltava água, a fábrica parava de dia e só funcionava durante a noite, depois que tinha juntado água”, disse Josiel da Silveira, coordenador da Igreja São João Batista.
Uma das preocupações dos moradores, porém, é quanto à operacionalização do canal adutor, que está abaixo da ponte, dentro de uma das áreas mais utilizadas pelos milhares de banhistas que frequentam o Parque na temporada de verão. “A empresa tem um controle determinado pela legislação para preservar o lençol de água, ou “vazão sanitária” como é definido tecnicamente.
“Não existe a menor possibilidade de secarmos o rio”, assegura a empresa. E é justamente o baixo volume de água no rio que gerou polêmica e preocupação de moradores. Entretanto, esse é um fato comum nesta época e ocorre em todos os anos, pelo baixo índice de chuvas, segundo o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).
O acordo com o município prevê também a limpeza e revitalização das três piscinas naturais existentes no lado debaixo da ponte, e que foram destruídas pela enchente, assim como o leito do rio, em 2014. A limpeza rio, que já estava sendo feita, e também parte integrante do acordo, teve que ser interrompida por falta de uma licença do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para essa finalidade.
“Estava protocolada e será liberada nesta semana”, disse Josiel da Silveira, líder comunitário e coordenador da Igreja São João Batista, no Jordão. Josiel é um dos moradores que acompanha tudo o que acontece na localidade. “A empresa está fazendo muitos investimentos no Jordão e para essas limpezas terá 60 dias para concluir”. Segundo Josiel, também será feita a limpeza das três trilhas existentes no entorno do bosque e essa área interna receberá pedra graduada, para facilitar a acessibilidade. “Se isso não for executado, a comunidade vai cobrar”, avisa.
“A Dalba entrou aqui para ser a parceira da comunidade e isso está sendo cobrado”. Ele lembra que a nova ponte é uma reivindicação histórica. “Desde criança eu já ouvia falar dessa necessidade”.
Assim como Josiel, Pedro Perez é morador antigo do Jordão e é testemunha ocular das mudanças. “Eu tenho a Chácara dos Molhados no outro lado do rio, perto da ponte do Tio Abé. Quando chovia, o rio alagava, estragava a estrada e dificultava a nossa saída. Eu estraguei dois carros por causa disso. Tenho uma filha que levou todos os dias à Apae e pra sair tinha que ser de trator”.
Para resolver esse problema e beneficiar os moradores daquela região, a empresa investiu elevando a estrada em um metro, nos dois lados, o que impede o alagamento.
Outra parceria ofertada é o apoio dado à equipe de futebol amador, a Aprovale, que chegou às quartas de finais da Taça Paraná neste ano. Ainda na área esportiva, a quadra de esportes da Escola Municipal Enoch Tavares poderá ser transformada em mini ginásio, já que a Dalba dará o material, cabendo à prefeitura, a execução da obra.
Apoio também está sendo dado à Igreja de São Batista com a doação de oito mil blocos de concreto para levantar as paredes do Salão Paroquial. “O Jordão estava esquecido, mas com essa parceria as coisas estão mudando. O que a comunidade precisa saber é que toda transformação exige mudanças”, diz Josiel.