A militância do PCdoB em Guarapuava promete resistir às decisões tomadas em nível nacional e que não sigam a ideologia de esquerda do partido.
“Vamos ser resistência”, disse o professor Orlei de Jesus com o aval da presidente Roseane da Silva. “Apoiar o candidato do DEM que tem apoio do Bolsonaro é um absurdo”, reage.
“Não concordamos com a decisão de apoiar a reeleição do Rodrigo Maia na presidência da Câmara em troca de lugares em comissões temáticas e na mesa executiva”.
O bancário e professor Eloi Myska, lembra que esse possível apoio não significa compor um bloco com o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. “O PCdoB tem divergências com o PSL e somos esquerda”.
De acordo com Orlei de Jesus, um congresso que será promovido nos próximos meses, envolvendo também o Diretório Estadual, vai servir para que a militância de Guarapuava marque a sua posição. “Vamos mandar um recado à Executiva Nacional de que não abriremos mão da nossa ideologia”, disse Orlei.
A intenção do diretório local é reorganizar o partido, tendo em vista as eleições municipais de 2020. “Tivemos muitas baixas, incluindo o presidente”, observa Myska. “Precisamos oxigenar o partido”, emenda Orlei de Jesus. Nas últimas eleições municipais, o PCdoB apoiou a candidatura do médico Antenor Gomes de Lima (PT) à Prefeitura.
No cenário nacional, dentro da esquerda e centro-esquerda, o PCdoB é a segunda legenda a apoiar a candidatura de Maia. De acordo com a presidente nacional do partido, Luciana Santos, essa decisão foi estratégica. Segundo ela, o campo da esquerda não tem chances de ganhar a eleição na Câmara. Por isso, ela entende que esse cenário, é preciso abrir espaço dentro do legislativo para que se possa fazer resistência ao governo de Jair Bolsonaro.
“A gente poderia optar por marcar oposição, só que isso significa a gente se isolar. Não podemos imaginar que a disputa da Mesa da Câmara é o terceiro turno das eleições porque não é. Ela é o espaço de embate de ideias e da resistência”, afirma.
O que o PCdoB argumenta é que Rodrigo Maia tem sido, do ponto de vista institucional, correto na aplicação do regimento interno, na garantia do espaço para a oposição e na garantia do respeito às regras do jogo de funcionamento da Câmara.
O governador do Maranhão, Flávio Dino diz que não se trata de se aliar ao PSL, mas “o que se cuida é da institucionalidade, é quem vai chefiar a Casa”.
Em entrevista à GloboNews, Dino disse que a decisão da direção é correta. Segundo ele, a posição do PCdoB é de manutenção do pacto institucional que Maia tem mantido até agora.
“Temos certeza de que ele não vai romper esses acordos regimentais, acordos relativos ao funcionamento da Casa. E vai manter as suas posições, liberais, por exemplo, no que se refere a Economia, nós temos divergências em relação às privatizações, a determinados aspectos que o presidente Rodrigo Maia defende, mas isso não impede que nós olhemos para a Câmara dos Deputados”.
No mais, Dino assegura que o seu Partido manterá articulação do bloco com o PDT e o PSB. “Que é uma posição fundamental para nós e neste âmbito deste bloco dialogar com todas as forças partidárias visando respeitar a Constituição”.