Pessoas com Síndrome de Down ainda sofrem para encontrar trabalho

Pessoas com Síndrome de Down ainda sofrem para encontrar trabalho (Imagem: Reprodução/Freepik)

Nesta terça (21), celebra-se o Dia Internacional da Síndrome de Down, data reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2012. A celebração faz referência à alteração cromossômica que faz com que as pessoas com essa condição genética tenham três, e não dois cromossomos 21, como é comum.

Apesar da capacidade das pessoas com Síndrome de Down, elas ainda enfrentam dificuldades para inserção no mercado de trabalho. Conforme a psicóloga Paula Cardoso Tedeschi, que atua na Fundação Síndrome de Down, “as barreiras são alguns estigmas e preconceitos, uma super infantilização das pessoas”.

A especialista explica que muitas pessoas tendem a imaginar que a pessoa com Down “não pode fazer e que não tem capacidade”. Em Guarapuava, por exemplo, não há vagas de trabalho voltadas exclusivamente para esse público. Dessa forma, muitos acabam não conseguindo se inserir no mercado.

De acordo com a Agência do Trabalhador do Município, hoje, há 19 vagas direcionadas para pessoas com deficiência no mercado de trabalho em Guarapuava. Mas os cargos são voltados para qualquer tipo de deficiência, não especificadas.

Essas vagas destinam-se para as áreas administrativas, de limpeza, produção e serviços gerais. Contudo, “não há restrição para essas deficiências, e as pessoas com síndrome de down estão aptas para concorrer a essas vagas”. Dessa forma, isso acaba dificultando a inserção desse público. Contudo, isso é o previsto em lei.

LEGISLAÇÃO

A contratação desse público está prevista na Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (8.213/91). A legislação determina que a empresa com 100 e 200 empregados está obrigada a preencher 2% dos cargos com pessoas com deficiência. Empresas com 201 a 500, são 3%; de 501 a 1000, são 4% e de 1001 em diante são 5%. A multa para o descumprimento pode chegar a mais de R$ 200 mil.

Já o Estatuto da Pessoa com Deficiência veda a restrição ao trabalho da pessoa com deficiência e qualquer discriminação em razão da condição. Inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, contratação, admissão, exames admissional e periódico, permanência no emprego, ascensão profissional e reabilitação profissional, bem como exigência de aptidão plena.

INCLUSÃO

Para a psicóloga da Fundação, mudanças nas posturas dos colegas e dos líderes de organizações podem melhorar a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho. Ela explica que há necessidade de algumas adaptação, mas que isso não impede que essa pessoa trabalhe como os demais.

É preciso mudar esse olhar muito infantilizado, de imaginar que o colega de trabalho é uma criança, de não visualizá-lo como uma pessoa adulta que tem os seus direitos e os seus deveres. É uma pessoa que está lá para fazer um tipo de serviço e a postura do colega ou do líder deve ser de apoiá-lo como a todos os funcionários.

A Fundação Síndrome de Down oferece, desde 1999, o Serviço de Formação e Inclusão no Mercado de Trabalho. O curso é composto por quatro programas: Iniciação ao Trabalho, Vivência Prática Profissional, Contratação CLT e Sócio Laboral.

De acordo com Paula, esse serviço é oferecido para a população com síndrome de Down e deficiência intelectual, por meio do Serviço Único de Saúde (SUS). As famílias podem procurar os centros de saúde, que encaminham para a fundação.

APAE

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) busca prevenir e tratar a deficiência, além de promover o bem-estar e desenvolvimento da pessoa com deficiência. Em Guarapuava, a Apae não tem um trabalho individual para pessoas com síndrome de down.

Nós enquanto escola de Educação Básica na modalidade de educação especial trabalhamos com currículo adaptado, com todos os alunos respeitando a temporalidade de cada um. Fazemos um trabalho em geral com todos na Semana Nacional da Pessoa com deficiência de 21 a 28 de agosto.

(*Com informações da Agência Brasil)

Leia outras notícias no Portal RSN.