A maioria do ser humano é mesmo apegado a bens materiais e se sobrepõe à teoria do “ter” sobre o “ser”. Acompanhando as mazelas da cidade, agravadas pelas enchentes da última semana, e vendo a angústia do prefeito Cesar Silvestri Filho – sem qualquer interesse político nessa afirmação – acabo vendo e ouvindo coisas, as quais, não se pode omitir de compartilhar. Nesse sábado, por exemplo, tão logo começou a chover com maior incidência no meio da tarde, o prefeito saiu sozinho e foi ao Jardim das Américas se solidarizar com as famílias que vivem naquele local, considerado o mais pobre da cidade, e um dos mais atingidos pelo excesso de água. Foi lá, distribuir colchões. Conversou com as famílias, se abrigou da chuva num dos casebres e, mais uma vez presenciou a miséria do bairro. Num desabafo disse que não dormiria enquanto não alugasse casas para retirar dos abrigos as famílias que perderam o pouco do que tinham. E conseguiu: seis das 25 que precisa e as primeiras famílias já estão em casas secas, confortáveis e já recebem os primeiros fogões doados pela parceria do fotógrafo Valdir Cruz com a Rede Sul de Notícias – leia-se também Vinicius Traiano, Viviane Siqueira Ribas, Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura – e com pessoas da sociedade guarapuavana.
Porém, se a solidariedade está sendo o ponto alto da calamidade, também existe o outro lado. A maior dificuldade hoje está sendo em encontrar imóveis para alugar. Houve um proprietário de uma quantidade de quitinetes que se recursou a locação. Disse que não alugaria seus imóveis a “esse tipo de gente”. Outros recusaram porque o contrato é curto já que vão ser construídas casas num programa municipal de emergência para atender famílias que vivem em regiões ribeirinhas. A vontade política existe, mas vamos ver se proprietários de áreas estarão interessados em se desfazer desse bem material, muitos dos quais, utilizados para a especulação imobiliária.
Por tudo isso, pela desconfiança e pelas críticas infundadas que estão sendo postadas nas redes sociais, com certeza por pessoas que cruzam os braços mediante a tragédia humana, teimo em dizer que o ser humano continua sendo egoísta, fechado em seus próprios princípios. Criticar, “ficar de olho”, faz bem, pois infelizmente o mundo está cheio de más intenções, de pessoas que tiram proveito em cima da desgraça alheia em seu próprio benefício. Mas seria bem melhor que essas pessoas “antenadas” se unissem a nós e observassem de perto o que está acontecendo. Fossem testemunhas da boa fé de quem não tem nada a ganhar materialmente, mas que faz pelos outros, embaladas por amor incondicional, por solidariedade, por altruísmo, por acreditar que deve fazer a sua parte para que o mundo seja um pouco melhor. Fica o convite!