A Polícia Civil de Guarapuava investiga as mortes que estão acontecendo em celas da cadeia pública e na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG). Por conta dessas ocorrências, familiares de presos estão apavorados. A primeira morte deste ano aconteceu no dia 7 de março último quando Crisley Junior Vaz de 23 anos foi encontrado morto por enforcamento.
Em seguida, no dia 24 do mesmo mês, Samuel da Cruz Wass, 23 anos, também morreu enforcado uma das celas do cadeião. Na última quinta (25), também numa das celas, mas nesta vez na PIG, o jovem Leonardo Martinelli de 26 anos foi encontrado pendurado por um lençol.
A última morte foi nesse domingo (28) quando Valderi Antonio Moraes Knopik, de 30 anos, também foi encontrado enforcado numa das celas da cadeia. Em 2018 ele foi preso por falta de pagamento de pensão alimentícia. Segundo o perfil de Valderi no Facebook, ele era rapper na banda Komarca 42. O velório está ocorrendo na Capela do bairro Primavera e o sepultamento será às 17h desta segunda (29) na Palmeirinha, interior de Guarapuava.
De acordo com o delegado chefe da 14ª Subdivisão Policial, Rubens Miranda Júnior, para cada morte foi instaurado um inquérito, porém, há outra investigação que está sendo feita de forma conjunta já que as características das mortes são as mesmas. No Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), a informação recebida é de que as investigações sobre essas mortes são de responsabilidade da Polícia Civil.
No caso de Martinelli, já que ele estava sozinho numa cela da Penitenciária, embora fosse preso provisório, acredita-se mesmo em suicídio. O jovem já usava tornozeleira eletrônica e ao “cair” novamente disse que não poderia ficar na cadeia. Por isso, foi levado para uma cela isolada na PIG. Em contato com o Portal RSN, pessoas a ele ligadas não acreditam em suicídio e dizem que o Martinelli vinha sendo ameaçado de morte por pessoas ligadas ao tráfico de drogas.
Com superlotação crônica, cerca de 400 presos, apenas dois agentes penitenciários concursados e outros agentes de cadeia contratados por Processo Seletivo Simplificado (PSS), trabalham na carceragem. E a orientação do Depen é de que esses servidores conversem com os presos, segundo informou a assessoria do órgão ao Portal RSN.
Por ser uma “casa de passagem” onde deveriam ficar apenas os presos que aguardam julgamento, o Depen não disponibiliza nenhum atendimento psicológico aos detentos. “Isso tudo tem na PIG”, disse a assessoria. Pela incidência de possíveis suicídios, há a hipótese de pessoas com depressão. “Não temos previsão legal para oferecer esse tratamento. Mas quando há problemas de saúde, são levados para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento] ou para hospitais”.
Segundo o Depen, Guarapuava é sede de um universo de 500 mil habitantes e conta apenas com duas unidades prisionais: a cadeia e a PIG. “Há carência de vagas, mas com a criação da Penitenciária Industrial de Guarapuava [antigo sistema semiaberto], foram abertas mais 200 vagas e estamos buscando alternativas para melhorar a qualidade de vida dos detentos”, disse a assessoria do Depen.
De acordo com informações da polícia, a situação da carceragem da cadeia é complicada. Pelo excesso de presos o setor está aberto. A presença de presos de facções rivais num mesmo ambiente também seria um dos agravantes na rotina do cadeião e uma das possibilidades dessas mortes serem homicídios, segundo informações recebidas de familiares.
A polícia, entretanto, não confirma essa informação. “Não temos nada concluído e aguardamos laudos técnicos e oitivas nas investigações”, disse o delegado ao Portal RSN.