22/08/2023
Guarapuava Segurança

Policial civil que morreu, fez boletim suspeitando de envenenamento

O policial civil aposentado tomou um suco de abacaxi na casa da ex-namorada. Ele sentiu gosto estranho e no mesmo dia passou mal

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O policial civil aposentado tomou um suco de abacaxi na casa da ex-namorada. Ele sentiu gosto estranho e no mesmo dia passou mal (Foto: Reprodução/Facebook)

O policial civil aposentado Luiz Carlos Moreira de 58 anos morreu na noite de domingo (27) em Guarapuava. Mas antes de ser internado, ele registrou um boletim de ocorrência onde suspeitava que tinha sido envenenado. De acordo com o boletim, a vítima apontou como “a mentora intelectual” do envenenamento, a ex-namorada de 58 anos. A filha dela de 41 anos também está sob investigação.

Nesta sexta (2), após a PC cumprir um mandado de busca e apreensão na casa da mulher no bairro Primavera, dois filhos do policial e o advogado da família procuraram o Portal RSN. Assim, em entrevista exclusiva, os filhos Jean Carlos Moreira de 28 anos e Johny Klein Moreira de 35 anos, explicaram o que o pai contou antes de morrer.

REGISTRO DE BOLETIM ANTES DE MORRER

Conforme os filhos, o pai teve um relacionamento com a mulher investigada por nove anos, mas estava separado havia quatro meses. “No dia 22 de novembro à tarde, meu pai esteve na casa da ex-namorada. E a filha dela de 41 anos serviu um suco de abacaxi para ele”. As informações constam no boletim policial registrado pela vítima na manhã do dia 23 de novembro. No boletim de ocorrência o policial relata que ficou desconfiado que o suco estava envenenado.

“Senti gosto amargo no primeiro contato com a bebida e a língua ficou adormecida”. Além disso, o policial relatou que sentiu taquicardia e passou mal. De acordo com o filho Jhony, o pai passou mal na mesma noite do dia 22. “Como ele não conseguia dirigir devido o que ele estava sentido, um vizinho o levou para o Hospital São Vicente. Lá ele foi medicado, ficou em observação por algumas horas e depois acabou liberado”.

No entanto, conforme o filho, o pai ligou ainda do hospital. Disse que poderia ter sido envenenado. “Fica esperto e se acontecer alguma coisa comigo, vai atrás”. Na quinta (24) por volta das 18h, o policial aposentado estava com um amigo em um bar, quando voltou a passar mal. Conforme o filho Jean, o pai pediu que o amigo chamasse o Samu. “Ele foi levado para a Upa do Trianon já que estava ali perto. E de lá já saiu entubado para o Hospital São Vicente (HSV) na noite de quinta”.

(Foto: Gilson Boschiero/Portal RSN)

DECLARAÇÃO DE ÓBITO

A família informou que na sexta (25) pela manhã, Luiz Carlos deu entrada na UTI do HSV. Aos filhos, a equipe médica informou que o estado de saúde dele era gravíssimo. “Os rins paralisaram e durante uma tentativa de hemodiálise, ele sofreu uma parada cardíaca”. No domingo (27) às 23h43, Luiz Carlos não resistiu.

De acordo com o advogado Antonio Henrique Lima, na declaração de óbito assinada por um médico do Instituto Médico Legal (IML) de Guarapuava, a causa da morte consta como ‘suspeita de envenenamento’. “A família pede justiça e que os responsáveis sejam punidos”.

Os filhos não sabem o que aconteceu. Mas segundo Jean, o fato de o pai ter registrado um boletim reforça a hipótese de morte por envenenamento. “Se ele fez boletim policial em vida, ele suspeitava das duas. E se ele começou isso, eu vou até o fim para honrar o que ele começou”. O sepultamento de Luiz Carlos ocorreu nessa terça (29) no Cemitério Santo Antônio no bairro Morro Alto.

Por fim, a Polícia Civil informou hoje (2) que as buscas foram autorizadas judicialmente, na tentativa de localizar produtos e objetos que possam ter sido utilizados no envenenamento. Houve apreensão de dois celulares que passarão por perícia, mas não houve prisão. As investigações seguem em segredo de justiça.

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Gilson Boschiero

Jornalista

Possui graduação em Jornalismo, pela Universidade Metodista de Piracicaba (1996). Mestre em Geografia pela Unicentro/PR. Tem experiência de 28 anos na área de Comunicação, com ênfase em telejornalismo e edição. Foi repórter, editor e apresentador de telejornais da TV Cultura, CNT, TV Gazeta/SP, SBT/SP, BandNews, Rede Amazônica, TV Diário, TV Vanguarda e RPC. De 2015 a 2018 foi professor colaborador do Departamento de Comunicação Social da Unicentro - Universidade do Centro-Oeste do Paraná. Em fevereiro de 2019, passou a ser o editor chefe do Portal RSN.

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