O policial penal Jorge Guaranho, acusado de ter matado o tesoureiro do PT Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu, deixou a Penitenciária Estadual de Foz 2. Agora, ele vai cumprir a prisão domiciliar em casa, após receber alta hospitalar, nessa quarta (10).
O crime ocorreu no dia 9 de julho, quando Marcelo Arruda comemorava o aniversário, que tinha como festa temática o PT. O acusado, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) disparou contra Arruda, que não resistiu aos ferimentos.
Desse modo, Jorge Guaranho chegou a ficar um mês internado, porque Marcelo revidou os disparos e o acertou, segundo as investigações. Na noite de ontem (10), ele deixou o Hospital Costa Cavalcanti escoltado por carros do Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen).
Conforme as informações, a Justiça determinou que Guaranho permaneça em prisão domiciliar. A decisão considera a falta de estrutura apontada pelo sistema penal para receber o acusado. Sendo assim, após deixar o hospital, Guaranho se deslocou para a Penitenciária Estadual de Foz 2. Mas depois acabou indo para casa com tornozeleira eletrônica.
PEDIDO NEGADO
Antes de determinar a prisão domiciliar, a Justiça negou dois pedidos da defesa para que Guaranho ficasse em casa. Nos dois casos, o juiz Gustavo Germano Francisco Arguello determinou que o acusado fosse levado para o Complexo Médico-Penal (CMP).
Entretanto, na quarta (10), a direção do CMP informou que não tinha estrutura para receber o acusado. Desse modo, o juiz determinou a prisão domiciliar, diante da resposta de que as unidades prisionais ou o CMP não têm condições de prestar o atendimento médico necessário ao preso.
Assim, o juiz determinou que o monitoramento de Guaranho seja por tornozeleira eletrônica. Mas ele só pode sair de casa em caso de necessidade médico-hospitalar. O juiz afirmou que o policial penal permanecerá em casa “até que seja possível eventual remanejamento do réu para estabelecimento adequado, ainda que em outro Estado da Federação”.
No despacho, o magistrado pede ainda que o Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná (Deppen) seja notificado a pedir uma vaga para Guaranho no sistema prisional federal. Por isso, a Secretaria de Estado da Segurança Pública disse que está em contato com o Departamento Penitenciário Nacional para providenciar uma vaga no sistema penal federal.
Em relação ao CMP, a secretaria afirmou que a unidade passa por um processo de reestruturação física e contratação de pessoal, e está impossibilitado de receber Guaranho neste momento.
MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público se manifestou a respeito da decisão que autorizou a transferência do réu para cumprimento da prisão preventiva em regime domiciliar. Nos autos do processo, o MP do Paraná insistiu na transferência de Guaranho, pois o regime domiciliar era a última opção a ser considerada.
Diante da incapacidade do Estado do Paraná em cumprir com seus deveres constitucionais, requer o Ministério Público seja requisitado, com urgência, vaga junto ao Departamento Penitenciário Federal para recebimento do preso. Na impossibilidade de se obter tal vaga até a data de amanhã (11/08) requer seja requisitado junto a outros Estados da Federação, preferencialmente aqueles mais próximos ao Estado do Paraná, vaga para custódia do requerente.
O Ministério Público ressaltou ainda ser “lamentável que, no exato dia em que se completa um mês da morte de Marcelo Arruda, todos tenhamos que assistir atônitos, por absoluta omissão e descaso do Estado do Paraná, a provável liberação, pela porta da frente do hospital, de seu algoz”.
PERDEU A MEMÓRIA
Ainda de acordo com as informações, o processo ainda não ouviu Jorge Guaranho. Isso porque os promotores esperavam ele receber alta para ouvir a versão do policial sobre o caso. Porém, a defesa do policial penal afirma que ele perdeu a memória por causa de agressões recebidas logo depois de atirar em Arruda.
Conforme o advogado Luciano Santoro, Guaranho não se lembra de nada do que aconteceu na noite do crime. Além disso, o advogado diz que Guaranho levou 24 chutes no rosto e outros no tórax e na perna baleada. Tudo isso em um total de cinco minutos e 35 segundos de agressões.
De acordo com ele, essas outras imagens estão no processo, mas não são públicas. Por isso, as agressões ao policial passam por investigação em outro inquérito.
(*Com informações do G1)
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