22/08/2023

Políticos e projetos, um artigo de luxo

imagem-61864

Fiquei a observar pelo sistema de gerenciamento da Rede Sul o compartamento dos leitores sobre as notícias e artigos que pipocam a cada instante por este, que é um dos sites mais populares do Paraná e com surpreendentes índices de acesso diário. A Rede Sul  é referência de leitura para milhares de pessoas nesta porção central do território paranaense e para outros tantos que moram em outras plagas e se interessam por aqui.

Pelo sistema de gerenciamento, é possível verificar as notícias mais acessadas. No final da tarde de quarta-feira, fiquei de “butuca”, atento a oscilação dos gráficos, curioso para saber o que mais chama atenção do público.

Pela ordem, a notícia campeã de acessos foi de um acidente na BR-277. Outras notas policiais também bombaram. Fechando o dia, a manchete das “marmitas do Carli”.

Avaliando o desempenho dos blogs, confesso que fiquei um pouco triste. Só um pouco. Apenas duas pessoas comentaram meu artigo anterior, falando sobre o leilão de poços de gás de natural no Paraná, vários em Guarapuava e região. Por outro lado, o artigo da Cristina Esteche, sobre as candidaturas em potencial nas eleições de 2014, despertou diversos comentários. Muitos vindos de uma única pessoa, com diferentes nomes, procurando fazer propaganda de seu pré-candidato favorito ou atacando o outro.

Não fiquei totalmente triste porque  o índice de acessos ao meu comentário foi satisfatório. Leram, mas não comentaram. Quase 700 leitores, segundo o mapa do site, é bem razoável.

A exploração de gás natural é de vital importância para a economia regional, para redução de custos nas indústrias e consumo residencial, fator estratégico para o Brasil na geração de energia.

Pus-me a refletir sobre os números e surgiu um auto-questionamento: por que especulações em torno de candidatos provocam mais polêmica e a outra, tratando não de candidaturas e sim de propostas, que poderiam ser defendidas e analisadas pelos candidatos, não desperta interesse na mesma intensidade? Entre as conclusões, pareceu-me lógico que ainda estamos dando prioridade a “nomes” do que a “projetos”. Nomes são importantes, sem dúvida, pois são pessoas e são eles, os políticos e equipes, que irão desenvolver os projetos – ou não farão coisa nenhuma. O detalhe é que quando se discute nomes, passamos a debater, somente, requisitos meramente pessoais: influência, tradição, família, poder constituído. Quando analisamos propostas, estamos a pensar sobre necessidades e prioridades comunitárias e quais as pessoas/candidatos (aí sim) têm melhores condições de corresponder a essas expectativas. Passamos do plano pessoal para o coletivo. Em primeiro plano, os resultados de ordem social e econômica de amplo espectro.

Para a política tradicional, tudo bem que continue assim, dando-se mais valor aos nomes, sobrenomes, de preferência esquecendo-se completamente de projetos, propostas, ideias, e abstraia-se de vez o termo “comunidade”. Fica o imperativo da “pessoalidade”, do indíviduo. Em política, isso quer dizer, a força de um sobre todos os demais. Sem projetos, sem propostas, sem compromissos, sem o eleitor ter o que cobrar. E o leitor, sem ter sobre o que refletir, comentar.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

Este post não possui termos na taxonomia personalizada.

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo