População se revolta e impede aumentos de salários de vereadores

* Por Rogério Thomas

A população paranaense esta se unindo e, de forma unânime, lutando contra os aumentos nos subsídios (salários) dos vereadores para a próxima legislatura (a partir de 2017). A legislação permite as câmaras a votar os novos subsídios na legislatura anterior e o prazo encerra em dezembro do próximo ano. Porém, como 2016 é um ano de eleições, os vereadores que pretendem engordar os vencimentos não querem correr o risco e estão tentando aumentar ainda este ano, mas estão esbarrando na revolta popular.

A onda contra os aumentos começou em julho deste ano com a repercussão nacional do caso de Santo Antônio da Platina, no Norte do Paraná, onde o projeto de aumento deu marcha a ré. Após um protesto realizado por moradores, a Câmara de Vereadores da cidade – que estava quase aumentando os salários do prefeito e dos parlamentares – decidiu aprovar uma emenda que reduz os valores que os vereadores recebem mensalmente. Se sancionada, a medida vai valer a partir de 2017. Graças ao povo de Santo Antonio, o salário do prefeito que, na proposta antiga, iria de R$ 14.760 mil para R$ 22 mil foi fixado em R$ 12 mil. O rendimento de um vereador do município, que pularia de R$ 3.745 mil para R$ 7,5 mil será de R$ 970. O valor é menos que o salário mínimo regional pago no Paraná, estabelecido em R$ 1.032 mil.

PRUDENTÓPOLIS

Ainda em julho, o então presidente da Câmara de Prudentópolis, Julio Makuch, hoje afastado judicialmente da presidência a pedido do Gaeco), tentou realizar uma sessão extraordinária para votar os novos subsidios a partir de 2017. A intenção vazou e a população se articulou a tal ponto que não houve quorum para a votação e a sessão foi suspensa. Makuch pretendia aumentar os salários dos atuais R$ 6,6 mil para R$ 8 mil.

JACAREZINHO

Nessa segunda feira (10), os vereadores de Jacarezinho, também no norte do Paraná, votaram um projeto de lei para reduzir os salários dos vereadores que vão assumir a partir de 1º de janeiro de 2017. Também foi revogada uma medida que aumentava o número de cadeiras de nove para 13 na próxima legislatura. A sessão desta segunda foi marcada pela restrição de acesso ao Plenário. Apenas 100 pessoas e mais os jornalistas puderam acompanhar os trabalhos. No projeto de redução, os parlamentares aceitaram um corte de 30% nos valores pagos atualmente. Dos atuais R$ 6,2 mil, os próximos vereadores passarão a receber R$ 4.340,00.

O caso de Jacarezinho também ganhou mídia nacional. Foi lá que o presidente da Câmara saiu da sessão dentro de um carro da Policia Militar. Foi em Jacarezinho também que um vereador foi flagrado “assoprando” para o presidente da Câmara votar o projeto, pois “havia apenas uma meia dúzia de gato pingado na sessão”. A população se reuniu e o tema da manifestação foi pautado por miados e pelo slogan “Todo poder emana do povo”. A pressão popular venceu.

GUAMIRANGA

Há mobilização em outros municípios, como Guamiranga, onde a população está se reunindo para evitar o aumento nos subsídios dos vereadores.