quarta-feira, 16 de abr. de 2025
Blog da Cris Guarapuava

Por enquanto, sem os 100 primeiros dias

A tradicional prestação de contas dos 100 primeiros dias de governo costuma ser uma oportunidade simbólica e estratégica

Ilustração: RSN

A tradicional prestação de contas dos 100 primeiros dias de governo costuma ser, para prefeitos de todo o país, uma oportunidade simbólica e estratégica. Afinal, é quando se apresenta à população um recorte inicial de ações, prioridades, dificuldades herdadas e, principalmente, as promessas que já começaram (ou não) a sair do papel.

Em Irati, por exemplo, o prefeito Emiliano Gomes ocupou a tribuna da Câmara para detalhar cada passo da gestão. Relatou o enfrentamento à crise financeira herdada, anunciou investimentos relevantes e reafirmou compromissos com o Legislativo e com a população.

Em Guarapuava, no entanto, o cenário foi outro. Entre viagens a Curitiba e Brasília — agendas que, segundo a gestão, têm como foco a busca por recursos, o prefeito Baitala ainda não fez uma fala oficial ou apresentou um balanço consolidado dos 100 dias, como é de praxe nesse período.

A comunicação pessoal do prefeito tem se concentrado nas redes sociais, com vídeos que mostram a rotina do Executivo: visitas a secretarias, conversas em bairros, encontros com deputados e secretários de Estado, agendas em encontros municipalistas. São registros válidos e importantes, mas que não substituem a prestação de contas formal e abrangente que o momento costuma exigir.

IMPORTÂNCIA

Não se trata apenas de uma formalidade. A simbologia dos 100 dias é uma chance de sinalizar à população que há planejamento, prioridades claras e coordenação política. Historicamente, os 100 dias podem definir qual será a postura e a marca de um governo durante o período de gestão. Também pode definir o perfil de liderança do prefeito.

Em um cenário cada vez mais exigente por transparência e resultados, o silêncio institucional pode gerar ruídos. Mesmo que as intenções estejam alinhadas com o interesse público.

Mas, ainda há tempo de recuperar esse espaço e transformar o que parecia omissão em estratégia. Que os próximos dias tragam não apenas ações, mas também comunicação clara e institucionalizada sobre os rumos da cidade.

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Cristina Esteche

Jornalista

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