Da Redação
Guarapuava – Três alunos do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebja), em Guarapuava, portadores de deficiência neuro-psico-motora, aproveitam a tarde de sol, céu azul e temperatura amena, desta sexta feira (23), para passeio pelo centro da cidade.
Numa conversa com a RedeSul de Notícias, os jovens e os professores falam também da falta de ensino profissionalizante, da vontade que os alunos tem de trabalhar e da falta de oferta de vagas.
De acordo com a professora Helena Virmond, de Educação Especial, a saída da sala de aula foi motivada pelo último dia do bimestre (registro) e que estudou os espaços geográficos e as paisagens. “Vamos até o Terminal da Fonte, depois ao Calçadão da XV onde paramos para tomar sorvete e seguimos até o Parque do Lago”.
Juliano Claudino mora no distrito de Palmeirinha e disse que foi ao Parque do Lago apenas uma vez. “É muito difícil sair de casa e eu canso muito”. Já Danusa do Nascimento, que reside no mesmo distrito, contou que costuma sair muito. “Sempre saio de carro com o meu. Venha pra cidade comprar roupas, sapatos. Saio bastante”. João Maria Paiseski mora na Vila Carli, em Guarapuava, e disse que o passeio está sendo bom.
Apesar da deficiência neuro-psico-motora os três jovens sonham em chegar ao ensino superior e serem economicamente ativos. “Eu quero ser biólogo ou matemático e quero muito trabalhar para ter meu próprio dinheiro”, comenta Juliano. “Eu quero ser advogado e também quero trabalhar”, emenda João Maria. “E eu quero ser estilista, desenhar roupas”, intervém Danusa.
Para o passeio, colaboram o professor Osório Pawlina Fonseca e o aluno Gustavo Henrique Oliveira.
FALTA ENSINO PROFISSIONALIZANTE
Para a professora Helena Virmond, que atua na educação especial junto com a também professora Ângela Macedo, o mercado de trabalho ainda tem dificuldades em admitir o portador de deficiência. Uma das causas é a falta de qualificação. “Nossos alunos tem o cognitivo preservado e temos também os intelectuais que são a nossa dificuldade”. De acordo com a professora, há a necessidade da implantação do ensino profissionalizante. “Esses jovens sairão da escola e irão fazer o que”?
Segundo o professor Osório, o Ceebja conta com 32 alunos especiais que estudam com currículo adaptado, mas que não os prepara para o mercado de trabalho. “Não dá para ficarmos em casa, sem fazer nada, dormindo”, observa Juliano. O Ceebja é dirigido pelas professoras Cláudia Cristina Marcelino e Zilmara Sell Schinemann.
É LEI
A Lei Federal 8.213/91, que dispõe sobre planos de benefícios da Previdência Social e dá outras providências, estabelece, em seu art. 93, uma cota de pessoas deficientes e/ou reabilitadas que a empresa deverá manter em seu quadro de funcionários. Tal cota depende do número total de seus empregados. A quantificação segue a seguinte proporção: de 100 a 200 empregados, 2%; de 201 a 500, 3%; de 501 a 1000, 4%; e acima de 1.001 empregados, 5%.
Esse percentual, entretanto, deixa a desejar. De acordo com a Agência do Trabalhador, em Guarapuava, a procura por emprego é muito maior do que a oferta. “Hoje estamos com três atendentes voltados ao portador de deficiência, mas o atendimento é normal todos os dias. A gente encaminha currículos para as empresas, mas a oferta de vagas é pequena, diz uma das funcionárias da Agência do Trabalhador.