22/08/2023


Economia Em Alta Paraná

PR perde R$ 1,6 bilhão ao ano devido a ineficiências na logística de transportes

No Paraná o produtor gasta cerca de US$ 97 para exportar uma carga de 1 tonelada para a Ásia. Desse valor, 62% são do custo logístico interno

Reunião da Fiep (Foto: Gelson Bampi)

O Paraná adicionaria cerca de R$ 1,6 bilhão à economia anualmente. Isso se as condições de infraestrutura do Estado fossem adequadas para atender com eficiência a demanda do setor produtivo. A estimativa foi apresentada pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), durante reunião do Conselho Temático de Infraestrutura da entidade. Ocorrida em Curitiba, nessa segunda (8), a reunião teve participação de embarcadores, representantes do governo estadual e parlamentares paranaenses.

De acordo com a Fiep, para ter mais subsídios sobre essa demanda, um estudo mapeou o transporte de cargas atual no Paraná. Traçou também as perspectivas de crescimento nos próximos anos. Um dos cálculos apresentados pelo consultor Luiz Henrique Dividino mostra que, atualmente, o produtor paranaense gasta cerca de US$ 97 para exportar uma carga de 1 tonelada para a Ásia. Trata-se de um dos principais mercados dos produtos paranaenses. Desse valor, 62% se referem ao custo logístico interno, para levar essa carga do interior até os portos. Enquanto os outros 38% são do transporte do porto até a Ásia.

Nas projeções, conforme o estudo, caso o Paraná possuísse uma logística de transporte intermodal eficiente, os custos para exportar essa mesma carga cairia para US$ 82. Levando em conta o montante total exportado pelo Paraná via Porto de Paranaguá em 2023, a economia gerada por essa melhoria na infraestrutura poderia chegar a praticamente R$ 1,6 bilhão ao ano. “Esse dinheiro ninguém ganha, esse dinheiro é jogado fora todo ano”.

COOPERATIVAS, AS MAIS IMPACTADAS

De acordo com o estudo, entre os segmentos que sentem na prática o impacto desse custo logístico está o das cooperativas. O superintendente do Sistema Ocepar, Robson Mafioletti, destacou que as cooperativas paranaenses movimentam anualmente em torno de 40 milhões de toneladas de cargas. “São produtos de médio e baixo valor agregado. Então a logística tem que estar funcionando adequadamente, para que a gente possa escoar no mercado interno, mas principalmente para exportação”. Conforme Robson, o cooperativismo tem um plano de crescimento desde a década de 1970.

Agora em 2023 chegamos a R$ 200 bilhões de faturamento conjunto e temos projetos enormes de agroindústrias. Se não houver investimentos em infraestrutura, podemos ir mais devagar.

Entre esses investimentos necessários estão aqueles já previstos no novo modelo de concessão de rodovias do Paraná. Além disso, outros projetos precisam ser debatidos profundamente e com urgência. Entre eles, a ampliação e melhoria de eficiência da estrutura ferroviária, convergindo os investimentos que devem ocorrer com a renovação ou nova licitação da chamada Malha Sul com as ações da Ferroeste.

Além disso, considera fundamental a liberação da construção de três portos privados no litoral do Paraná, projetos que ainda esbarram especialmente em questões de licenciamento.

DESTRAVA LOGÍSTICO

Durante a reunião, o presidente do TJPR, desembargador Luiz Fernando Tomasi Keppen, informou que o Tribunal vai lançar uma iniciativa para, justamente, tentar dar mais agilidade às questões ligadas à infraestrutura que sejam alvo de ações judiciais. Para o desembargador, essa iniciativa pode trazer efeitos práticos para a economia do Paraná em curto prazo.

“Eu vejo que nós precisamos sempre pensar que temos uma população em crescimento, o que demonstra uma economia pujante. E, sobretudo, a gente tem que pensar também nos empregos, na renda e que isso pode alavancar progresso e desenvolvimento. Então, o Poder Judiciário se coloca como um elo que, a partir de um diálogo, vai promover a possibilidade de encontrar soluções para problemas difíceis e graves do estado do Paraná”.

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Cristina Esteche

Jornalista

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