Curitiba – O petróleo da camada pré-sal é de todo o Brasil, e a riqueza que ele gerar deve ser investida igualmente em todo o País, em educação e infraestrutura, disse há pouco o governador Roberto Requião ao abrir, em Curitiba, o seminário Pré-sal O Brasil no caminho certo. O evento trouxe ao Paraná os ministros Edson Lobão (Minas e Energia) e Paulo Bernardo (Planejamento), o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Morais, e o presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira.
Estados e municípios têm suas jurisdições apenas até o quebra-mar. Além dali, a área é da União. Assim, o pré-sal não pode ser objeto de disputa mesquinha em função de coordenadas territoriais que avançam mar afora. Por isso, a unidade que conseguimos para este seminário é importante, disse Requião. O evento, coordenado pelo Governo do Paraná, é organizado em parceria com as lideranças estaduais do PP, PDT, PT, PTB, PMDB, PSC, DEM, PV, PSB e PSDB.
Não há dúvidas de que o pré-sal empolga o País. Basta ver que os partidos organizadores deste seminário são praticamente todos os que funcionam regularmente no Paraná. É uma questão nacional, abrangente, que supera diferenças políticas e administrativas. Hoje, a defesa do petróleo em mãos do Estado brasileiro passa a ter mesma força dos tempos da campanha O Petróleo é Nosso, falou o governador, lembrando o movimento que levou à criação da lei que implantou o monopólio estatal do óleo, na década de 1950.
Há algum tempo, fui recebido em Abu Dhabi pelo ministro do Planejamento, Philipe Haddad. Ele me explicou que, nos Emirados Árabes Unidos, o petróleo é do Estado. Não há concessão. Paga-se a empresas por prestação de serviço. As empresas árabes de petróleo abriram seu capital. Mas 60% dele seguem nas mãos do estado, e os 40% restantes pertencem a famílias do país. Não há participação estrangeira, afirmou Requião. A Petrobras tem parte significativa de seus papeis, comercializada na Bola de Valores de Nova York, nas mãos de acionistas estrangeiros.
Tivemos até há pouco tempo no País de que o biodiesel substituiria o petróleo. Não é assim. Agora, a descoberta do pré-sal numa área tão ou mais importante que a dos Emirados Árabes coloca novamente o petróleo como questão de soberania e afirmação nacional. Por isso, conseguimos a unanimidade das forças políticas na organização deste seminário, afirmou o governador.
Cumprimento o governador por organizar este seminário para discutir uma causa que é de todos os brasileiros, disse Edson Lobão, ao iniciar sua participação no debate. O mundo consumiu 1 trilhão de barris, e tem reservas certificadas de outro 1,36 trilhão de barris. Mas é o suficiente para apenas 40 a 50 anos de abastecimento, no ritmo atual. O Brasil tinha 14 bilhões de barris certificados. Hoje, com o pré-sal, em apenas quatro campos, já acrescentamos mais 16 bilhões de barris às nossas reservas, disse o ministro, que fala neste momento.
AEN
Política
Pré-sal não pode ser objeto de disputas mesquinhas entre estados, diz Requião
- Por Cristina Esteche
- 22/10/2009