22/08/2023
Agricultura familiar Agronegócio Em Alta Paraná

Preço do leite mobiliza produtores na praça de pedágio em LS

Manifestações estratégicas exigem socorro imediato, enquanto Alep se mostra contra a reidratação de leite em pó importado no Paraná

Manifestação na praça de pedágio em LS (Foto: reprodução /Youtube)

A crise que sufoca o produtor de leite no Paraná atingiu um ponto de mobilização máxima, com o preço pago ao produtor insustentável. Em muitos casos, abaixo de R$ 2 por litro, um valor que fica muito aquém do custo médio de produção, estimado em R$ 2,62. A insatisfação se transformou em protesto estratégico. Desde a manhã desta quarta (5), produtores de leite se concentraram na Praça de Pedágio de Laranjeiras do Sul. Conforme informações repassadas ao Portal RSN, os manifestantes regulam a passagem de veículos para chamar a atenção. A mobilização ecoa a realidade de 690 famílias do município, que juntas produzem mais de 47 milhões de litros anuais. Protestos semelhantes já haviam sido registrados recentemente em Nova Laranjeiras e na BR-158, recentemente.

De acordo com produtores, o epicentro do debate político e institucional está focado no leite importado, visto como o principal agente desestabilizador do mercado. O deputado Luis Corti (PSB) defendeu em Brasília a urgência de medidas federais. Ele apresentou como modelo o PL n.º 888/2023 da Alep, que deseja proibir a reidratação do leite em pó importado no Paraná. A prática permite que indústrias usem o produto estrangeiro, frequentemente subsidiado, para competir deslealmente com o leite fresco nacional.

Entretanto, o projeto de lei da Alep, não é uma iniciativa isolada. Ele conta com o apoio e a coautoria de diversos parlamentares, incluindo a deputada Cristina Silvestri (PP), que tem se manifestado ativamente em defesa da categoria. Integrante da Frente Parlamentar do Leite, Cristina Silvestri reforça a necessidade de acabar com as regras que facilitam a importação e garantir a valorização da produção local.

MEDIDAS ESTRUTURAIS

A mobilização tem sido reforçada por entidades de peso. O Sistema Faep manifestou “profunda preocupação” com a defasagem de preços que ameaça milhares de pequenos produtores. Já a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), comprometeu-se a pressionar o governo federal para garantir igualdade de condições.

Para a Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Paraná, representado pelo Sindileite, a conjuntura econômica atual e do mercado, onde a oferta de leite é maior que a demanda, tem afetado toda a cadeia produtiva do leite. Isso porque os preços não cobrem os custos, tanto na produção, quanto na industrialização.

A situação agravou-se pelo significativo aumento das importações de produtos derivados, pelo crescimento da produção do leite e pela retração no consumo interno. O momento é dos mais críticos que as indústrias do leite já atravessaram na última década.

Na ponta do consumo temos a população com baixo poder aquisitivo que não suporta aumento de preços. No processo industrial os custos e despesas continuam crescendo como é o caso dos juros, impostos, energia, transportes e mão-de-obra, corroendo as margens de resultados.

De acordo com a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep), 86% das 110 mil unidades produtoras de leite do estado pertencem à agricultura familiar. O cenário atual, conforme o setor, não é diferente conforme afirmações recentes. “É o reflexo do aumento nos custos de produção e do avanço das importações de leite em pó, que têm pressionado os preços pagos ao produtor”. Além da baixa capacidade de compra do consumidor, há entrada massiva de leite subsidiado da Argentina e do Uruguai.

Para conter a crise, as principais reivindicações do setor incluem o controle e a limitação das importações, a redução da carga tributária sobre os derivados do leite e a urgência de políticas que garantam preço justo e sustentabilidade para a atividade.

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Cristina Esteche

Jornalista

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