22/08/2023
Agronegócio

Preços baixos e armazéns cheios de milho e de trigo

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Guarapuava – Os preços nada animadores do milho e do trigo fizeram com que o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, pedisse ao governo federal a liberação de recursos para agilizar o escoamento dos estoques desses produtos. A iniciativa foi adotada após reunião com produtores e cooperativas do Paraná que alertaram a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) sobre as atuais condições de mercado.
Com relação ao milho oriundo da produção da safra normal de verão, das 6,5 milhões de toneladas foram vendidas apenas 70%. Outro agravante é que estão entrando no mercado mais 4,7 milhões de toneladas da segunda safra, vendidas apenas 10% desse volume. E os preços estão abaixo do mínimo de garantia, que é de R$16,50 a saca. Hoje o preço médio pago pelos atacadistas aos produtores a saca de milho é de R$ 15,12.
“O ideal é que o governo promova algumas aquisições e alguns leilões, seja para a exportação ou para movimentação do mercado interno, para que o milho se mantenha ao menos mais alto que o preço mínimo de garantia”, aponta Bianchini em entrevista à TRIBUNA, durante sua visita a Expogua, na terça-feira, 11.
Segundo Bianchini, a situação do trigo também tem preocupado os produtores rurais. Os estoques do cereal também estão altos e ainda devem aumentar com a nova safra. Pesquisas realizadas pela Conab e pelo Departamento de Economia Rural (Deral) estimam um crescimento de 9% na área cultivada com trigo este ano no estado em relação ao ano passado e uma produção prevista de 3,37 milhões de toneladas, que, se confirmada, será 5% maior que a colhida no ano passado.
O Paraná tem estoques de trigo avaliados em 700 mil toneladas – sendo 340 mil toneladas da safra 2008 e ainda não vendida pelos produtores – e mais 360 mil toneladas do grão em estoques do governo federal, ocupando espaços nos armazéns.
“A partir do final do mês começa a colheita na região norte e a nossa expectativa é de ter uma colheita boa de trigo, a não ser que haja uma geada fora de tempo. Nós precisamos garantir um preço acima do mínimo que está entre R$ 28 e R$ 32 a saca. Para isso existem pelo menos 350 mil toneladas em mão das cooperativas. Então o ideal é que a gente possa movimentar esse estoque que está em mãos das cooperativas, ou em direção ao nordeste ou em direção às exportações, e o governo deve ter alguns recursos para equalizar a diferença entre o preço mínimo para que isso aconteça através desse mecanismo”, explica.
Atualmente, o preço médio da saca de trigo gira em torno de R$ 27,46, valor que pode apresentar uma queda ainda maior em função da oferta com a entrada no mercado da produção de trigo da safra 2009 e do trigo que está sendo importado nessa época do ano.

Reivindicações
A principal reivindicação das entidades é a implementação de instrumentos de política agrícola como o Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), Aquisição do Governo Federal (AGF) e Contratos de Opções para as duas culturas.
O documento encaminhado pela Seab pede a realização imediata de PEP para 200 mil toneladas de trigo da safra passada e continuidade dos leilões de Valor para Escoamento de Produto VEP, para desocupar rapidamente os armazéns da Conab.
Para a safra atual de trigo, que começa a ser colhida este mês, a Seab pede a liberação de recursos para AGF de 500 mil toneladas do grão, a partir de setembro de 2009. A partir de janeiro de 2010, mais leilões de PEP para escoamento de outras 500 mil toneladas. Também a partir de janeiro de 2010, a realização de leilões de Contrato de Opção para venda de novo lote de 500 mil toneladas, totalizando auxílio para o escoamento de 1,7 milhão de toneladas de trigo entre as duas safras.
Em relação ao milho, a Seab pede a intervenção do governo federal para compra de 200 mil toneladas, via AGF, e a realização de PEP para 300 mil toneladas por semana até completar um volume de 1,5 milhão de toneladas, que podem ser destinadas para os mercados interno e externo.

Cristina Esteche

Jornalista

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