Primavera deve ter baixo volume de chuvas em Guarapuava

Influenciada pelo La Niña, a primavera pode ter variações bruscas de temperatura, estiagem e alguns preços de produtos no mercado devem mudar (Foto: Arquivo/RSN)

A estação das flores começou nesta quinta (22), conhecida pelas cores e pelas pétalas ao chão, a Primavera iniciou de um jeito diferente em Guarapuava. O primeiro dia amanheceu com nuvens carregadas, mas logo o céu abriu. Apesar dessa semana ter aguaceiros, o volume de chuvas da Primavera deste ano deve ficar abaixo da média, de acordo com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).

Conforme o boletim do Simepar, o volume de chuva deve somar em torno de 131 a 226 milímetros. O menor impacto pode acontecer devido a influência do fenômeno La Niña e passagens de frente frias. O engenheiro agrônomo e professor da área de Climatologia Aplicada da Unicentro, Sidnei Osmar Jadoski, explica a mudança na nova estação.

Este é o terceiro ano seguido que a primavera inicia sob condições climáticas influenciadas pelo La Niña (LN). Para a Região Sul, o LN em geral associa distribuição irregular das chuvas, com tendência abaixo da média e variações bruscas de temperatura. Isso por causa da associação de frio entrando pela extremidade Sul do continente e de calor vindo do Norte. Então não se pode esperar temperaturas abaixo da média, mas períodos com massa de ar frio entremeados entre períodos quentes. 

AGRICULTURA

Dessa forma, os moradores ainda não podem se despedir do friozinho já que ele pode aparecer na nova estação. Conforme o Simepar, a primavera é uma transição, por isso é possível ter aqueles dias que se vive “quatro estações em único dia”.

Por ser considerada uma estação de transição entre os regimes climáticos do inverno e do verão, a primavera favorece a ocorrência de eventos meteorológicos severos como rajadas de ventos fortes, granizos, grande quantidade de raios e chuvas volumosas.

(Foto: Lizi Dalenogari)

Mesmo com as pancadas volumosas, o professor Sidnei Jadoski afirma que a agricultura pode sofrer com a estiagem.

Ainda quanto as precipitações, é frequente que, especialmente com LN, ocorra expressiva irregularidade na distribuição das chuvas. Desse modo, uma análise temporal, indica que existe notório risco de ocorrência de estiagem, frequentemente na segunda metade da estação, já que ainda não existe previsão clara da mudança de fase, que seria saída de LN para neutralidade. Ou seja, a LN ainda permanece por alguns meses, possivelmente adentrando em 2023.

PLANTAÇÕES

Agora, com as chuvas dos últimos dias, algumas semeaduras da primavera e verão, acabaram ficando atrasadas na Região. Conforme o engenheiro agrônomo isso inclui milho, feijão e batata. Especificamente nesta sexta (23) e sábado (24), a previsão é de baixas temperaturas.

“Por isso, existe ainda um baixo, contudo real, risco de geadas em alguns pontos, o que poderia acometer expressivamente culturas de inverno, como trigo e cevada, além de hortaliças e outras. No caso de estiagens, esta é uma condição negativa para todas as culturas, já que a Região não apresenta expressividade em áreas irrigadas”.

PREÇOS NO MERCADO

A nova estação também pode alterar os preços no mercado. Quem pensa em aproveitar para comprar produtos da época, o engenheiro dá algumas dicas para gastar menos.

Embora não seja nossa expertise, se pode em geral considerar potencial redução de preços de produtos lácteos, com a renovação das pastagens ao longo da estação. Assim como da maioria das hortaliças, que se desenvolvem melhor com aumento de dias mais longos e com aumento gradativo das temperaturas.

Mas vale ressaltar que qualquer anomalia climática, principalmente relacionadas com estiagens ou chuvas concentradas, e variações bruscas de temperaturas, podem causar mudanças nos preços dos produtos ao consumidor.

Além disso, o professor ainda ressalta que o posicionamento de centros de baixa pressão atmosférica na costa, possibilitam o ingresso quase que simultâneo de massas de ar frio vindas do Sul e de corredores com ar quente e umidade vindos do Norte.

Isso potencializa a possibilidade de ocorrência de eventos formadores de vendavais e chuvas de granizo. Ao longo da estação este comportamento tende a diminuir, com a redução de ingresso de massa de ar frio.

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