22/08/2023
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Produção aumenta, mas valor bruto da arrecadação agropecuária cai em Guarapuava

Relatórios indicam que o município arrecadou R$ 117 milhões a menos em 2017, em comparação a 2016

soja

Soja é, atualmente, a principal cultura no mercado agro guarapuavano (Foto: Divulgação)

R$ 117 milhões a menos na economia de Guarapuava. Esse é o resultado do relatório do Valor Bruto da Produção Agropecuária 2017 (VBP), divulgado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SEAB) nesta semana. Os valores nominais referem-se a toda a produção da agropecuária da cidade do terceiro planalto no ano civil de 2017 e no período da safra 2016/2017.

Embora a arrecadação apresente um montante de 11,6% a menos do que o valor apresentado no VBP 2016, a produção agropecuária em Guarapuava não diminuiu. De acordo com o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) do Núcleo Regional de Guarapuava, Dirlei Antônio Manfio, a justificativa para tal aparente contradição refere-se a queda nos preços dos produtos.

Dentro do relatório, 20 culturas ou grupos são discriminados, partindo de sua produção e arrecadação em valores nominais. Em Guarapuava, os cinco principais representam 72% da arrecadação financeira total do município nesse período e a maioria deles, apresenta aumento na produção e desvalorização de preço, com relação a 2016. É o caso, por exemplo, da soja, principal cultura de grãos do terceiro planalto.

A soja na nossa região é o produto mais expressivo em termos de valor bruto. A variação de 2016/17 teve um aumento de quase 12% na produção, porém, o preço diminuiu. Enquanto ele estava em 2016 por R$ 68,70 a saca, em 2017 a média foi R$ 61. Então mesmo ele aumentando a produção, o valor bruto quase não subiu, se manteve estável.

Completam a lista de principais culturas/produtos no VBP de Guarapuava em 2017, avicultura (2º lugar), a batata (3º lugar), o milho (4º lugar) e o grupo de produtos florestais (5º lugar). Dentro desse quadro, segundo Manfio, a batata é a principal causa do decréscimo na arrecadação do relatório, em comparação a 2016.

(Foto: Creative Commons)

“A batata é uma cultura muito flexível com a questão do preço. Se nós pegarmos 2016 em relação a 2017, na verdade, a produção do último ano teve um acréscimo de 77%. Mas, enquanto em 2016, o produtor recebia uma média de R$ 100 a saca durante o ano, em 2017, o produtor não recebeu nem R$ 31. Só nessa cultura, houve redução de 44% na arrecadação. Isso se deve a questão climática e também a lei da oferta e da demanda. Com aumento de produção em produto perecível, a tendência é reduzir o preço”, justifica.

RELATÓRIO

De acordo com Manfio, os valores nominais emitidos no relatório do Valor Bruto da Produção Agropecuária 2017 (VBP) ainda são preliminares e podem estar sujeitos a alterações até o final de julho. Mesmo assim, segundo ele, as possíveis mudanças são de pequena proporção.

Trata-se de um dado preliminar ainda. É uma estimativa de tudo que foi produzido no município. Esse documento é encaminhado aos prefeitos e secretários de agricultura das cidades que podem diferenciar informações, ainda pode ser alterado até o final de julho.

Em Guarapuava e nos municípios do núcleo regional, o relatório é feito por toda a equipe técnica do Deral. De acordo com Manfio, o trabalho é realizado durante todo o ano, com acompanhamento semanal sobre as principais culturas e produtos locais. Para o município, a emissão e monitoração dos dados apresentados no VBP, que acompanha a produção e arrecadação municipal durante o período de uma safra agrícola e de um ano civil, converte-se em arrecadação tributária para a cidade.

“O valor bruto da produção agropecuária é utilizado como um dos índices para compor o Fundo de Participação dos municípios. E o que é isso? Ele ajuda a trazer o retorno dos impostos arrecadados no Estado para o município. Por isso, tem uma importância ainda maior”.

REGIÃO

Dentre os municípios que compõem o núcleo regional atendido por Guarapuava, todos apresentam a produção de soja como produto líder em produção e arrecadação. De acordo com Manfio, eles apresentam uma média de redução de arrecadação semelhante a cidade do terceiro planalto. O único município que apresentou-se na contramão dos demais, com crescimento significativo na arrecadação é Campina do Simão, que não produz batata. A cidade destacou-se no corte de madeira.

Segundo o técnico do Deral, os quatro principais municípios do Núcleo (Guarapuava, Candói, Pinhão, Reserva) são os que mais tiveram queda.

“Se eu pegar os quatro principais municípios são justamente locais onde houve plantio de batata lá em 2016 e 2017, por isso, foram os que mais tiveram números negativos. A batata foi a grande vilã do ano, justamente por isso”.

Cristina Esteche

Jornalista

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