22/08/2023

Punks de Curitiba farão show para arrecadar donativos ao natal dos idosos

imagem-33036

Por Thea Tavares –  À medida em que o mês de novembro avança, as luzes do Natal começam a sinalizar em Curitiba que o final do ano se aproxima e a temporada dos festejos aos poucos pauta o calendário de todos. Mas, este ano, há uma novidade no ar, trazida por punks, roqueiros, metaleiros, enfim, por músicos e artistas do underground. Essa galera muito criativa que, na maioria das vezes, desperta a atenção e o olhar curioso pelas roupas, tatuagens e estilo todo próprio de ser, vai prestar uma homenagem aos “esquecidos” e abandonados que, nos asilos, ficam distantes das alegrias e das confraternizações dessa época.

Em dois momentos, os organizadores do festival “Suspiro” realizarão shows beneficentes em Curitiba, cobrando de entrada apenas uma caixa de leite longa vida ou um ingresso simbólico de cinco reais, que será revertido em alimentos para doação a dois asilos da cidade. Os shows acontecerão nos domingos, dias 4 e 11 de dezembro, sempre a partir das 14 horas, no Front Bar, que fica na rua 13 de Maio, 940, esquina com a Almirante Barroso, próximo às ruínas do São Francisco, no Largo da Ordem. No dia 4, se apresentarão as bandas Supliciofobia, Vallets, Dona Ju, Extrema Agonia, The Starbreakers, Psycodelic Jungle, Nekromonsters e Hesterco. No dia 11, será a vez de Dompherirona, Maledetos, Survive, Franksimata, Rádio Cadáver, Traditional Disorder, Pineia e Cartaz de Zenner, todas bandas curitibanas de inspiração punk, metal, hardcore, crossover e trash.

“De certa forma, nós do underground, também somos esquecidos dentro da cena musical curitibana, mas estamos aí, o ano inteiro, persistindo, agitando, fazendo nossas músicas e mostrando o trabalho que é realizado por iniciativa das próprias bandas”, afirma Alexandre Ricardo de Souza, organizador do Suspiro e vocalista do SOS CHAOS. Alexandre também explica o sentimento que toca na alma dos músicos nesse festival beneficente: “Quem, em meio às festas e alegrias de final de ano e enquanto desenha planos para o futuro lembra dos idosos nos asilos? É como se eles, que já dedicaram a vida inteira às suas famílias, não existissem mais. São as pessoas mais esquecidas pela sociedade”. A ideia partiu também da constatação de que, nos asilos, as pessoas vivem em condições mais precárias que as crianças dos orfanatos, à espera de adoção. “Alguém já ouviu falar em campanhas com ampla divulgação para a arrecadação de presentes aos idosos? Não existe um ‘Idoso Esperança’ ou algo parecido, mas é necessário porque eles estão aí, embora não sejam vistos”, disse Alexandre.

Causando: o agito underground não pode parar

O pulso ainda pulsa, era a frase que cantavam os Titãs na década de 80, quando o rock e a contestação foram os ingredientes básicos que efervesceram a contracultura e se tornaram ícones da juventude brasileira. O festival Suspiro e o agito promovido por músicos e artistas do underground estão mantendo viva essa marca registrada da noite na cidade e do Largo da Ordem, tão urbanamente curitibanas quanto a paisagem boêmia do Centro Histórico e a feirinha de domingo, em nome de uma resistência cultural e expressiva que, assim como os idosos nos asilos, apesar de todo o descaso e diante de inúmeras adversidades, continuam existindo. “Na última edição do Suspiro, dia 6 de novembro, o Front Bar lotou e roqueiros curitibanos de outras gerações, que já fizeram sucesso fora e que seguem vivendo de rock and roll, apareceram e querem tocar com os punks adolescentes nos próximos festivais”, disse Jairo Almeida, proprietário do Front. “Músicos frequentadores do bar do Linão, a maior referência de palco do underground em Curitiba, e integrantes de bandas que surgiram nesse espaço, quando ele funcionava no centro da cidade, estão mostrando que valorizam e respeitam o trabalho que a galera mais jovem promove. É isso, essa troca, que imprime dinâmica aos movimentos e expressões da cultura punk e do rock”, completou.

Jairo também lembra que um dos músicos chegou a dizer para ele e para o Alexandre que ficou com vontade de voltar a ensaiar e tirar a guitarra do case para subir novamente no palco do Suspiro. “O apoio das pessoas em torno desse projeto é surpreendente. E é essa solidariedade que nos motiva a retribuir com a realização dos shows beneficentes”, finalizou Alexandre. O Suspiro especial de final de ano conta com a parceria dos estúdios de tatuagem TNT Tattoo e Piercing e Tony Body Piercing, do estúdio de gravação Under Rock CWB, da torcida social do Coritiba Futebol “Rock” Clube, do Lado B Bar, um espaço temático da cena underground, e da grife paulista Psico 13, que veste desde atletas do skate a músicos de bandas de rock da cidade.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

Este post não possui termos na taxonomia personalizada.

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo