terça-feira, 8 de abr. de 2025
Blog da Cris Guarapuava

Quando uma bancada vota contra si mesma

A votação que prejudicou o prefeito eleito revela a falta de compreensão e preparação da própria bancada que apoia Baitala

Vereadores de Baitala mudam os votos (Foto: Cristina ESteche/RSN)

A sanção da Lei Orçamentária Anual (LOA) pelo prefeito Celso Góes nessa quinta (19) marcou o fim de uma controvérsia que dominou uma das últimas sessões do ano legislativo em Guarapuava. A votação da LOA, na segunda (16), revelou falhas substanciais no processo legislativo. Não de forma generalizada, mas destacando a falta de compreensão e dificuldades interpretativas por parte de alguns vereadores. Essa situação se agravou pela atuação do vereador ‘Nego Silvio’ (PL), líder da bancada de apoio ao prefeito eleito Denilson Baitala (PL). De forma equivocada e com veemência, ‘Nego Silvio’ pediu a rejeição de um projeto que, na prática, beneficiaria diretamente a nova gestão.

O projeto em questão tratava da confirmação do famoso ‘cheque em branco’, já aprovado na primeira votação, que garantiria maior flexibilidade orçamentária para a administração de Baitala. Contudo, o pedido de rejeição, feito de maneira inesperada, não apenas gerou confusão no seio da bancada, como também provocou repercussão cômica em Guarapuava e em toda a região. O episódio expôs uma desconcertante falta de alinhamento e compreensão política dentro do grupo.

“A CULPA É DELE”

Em conversas informais, diversos membros da bancada de apoio a Baitala atribuíram diretamente a falha à postura errônea de ‘Nego Silvio’. Um dos parlamentares, que preferiu falar sob condição de anonimato, admitiu que sabia da inconsistência da orientação do ‘líder’, mas seguiu as instruções do grupo. “Você sabe de quem é a culpa. É dele [Nego Silvio], mas a gente vota com o grupo”. Essa afirmação demonstra uma ausência de autonomia nas decisões. A própria vice-prefeita eleita, Rosângela Virmond, também seguiu o pedido do colega vereador. E teve outros vereadores com três ou quatro mandatos, portanto, veteranos, que apostaram na astúcia de ‘Nego Silvio’.

Esse episódio evidencia uma preocupante falta de independência no processo de tomada de decisões na Câmara Municipal. A situação expõe uma grave lacuna na compreensão dos vereadores sobre as matérias em votação e a responsabilidade associada ao cargo. Muitos parlamentares, ao que parece, tomaram decisões sem avaliar corretamente as consequências e os impactos das propostas em questão.

A atuação da bancada de apoio a Baitala não se restringiu a esse erro. Em uma votação anterior, a mesma bancada havia aprovado, de forma unânime, a exclusão de cargos comissionados na Prefeitura. Esses episódios levantaram questionamentos sobre a consistência e a força do grupo de apoio do prefeito eleito. Com o segundo equívoco, fica a dúvida se Baitala percebeu que a bancada que o apoia ainda precisa amadurecer e se fortalecer para atuar de maneira mais eficaz.

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Cristina Esteche

Jornalista

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