Cerca de 4 mil famílias de bairros pobres de Guarapuava e Pinhão, receberam alimentos doados por agricultores acampados, assentados e posseiros da Região, ao longo deste sábado (30). Ao todo, foram distribuídas 51,850 toneladas de alimentos.
De acordo com a assessoria do MST, os alimentos foram doados por 15 acampamentos e 10 assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), além de quatro comunidades de posseiros. A ação é em solidariedade às famílias urbanas que já enfrentam a falta de comida neste período de pandemia do novo coronavírus.
É o caso de Hamilton Ramos, morador do bairro Jardim das Américas em Guarapuava, que recebeu o kit com aproximadamente 13 quilos de alimentos. “Nesses tempos de pandemia, essa doação é uma benção de Deus. Vocês [do MST] estão de parabéns. Veio numa hora muito boa pra nós”.
GUARAPUAVA E PINHÃO
Em Guarapuava, a distribuição dos alimentos ocorreu nos bairros Xarquinho, Residencial 2000, Jardim das Américas e Paz e Bem. Nesses locais, a entrega contou com a mobilização da Igreja Católica local. Além disso, com a presença do secretário-executivo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – Regional Sul 2, Padre Valdecir Badzinski.
Também participou o Padre Sebastião José Goulart, coordenador da Ação Evangelizadora da Diocese de Guarapuava. Os dois religiosos fizeram a benção dos alimentos antes da entrega.
Cleide de Oliveira Gonçalves, do assentamento Nova Geração de Guarapuava, participou de perto da organização dos kits que foram destinados às famílias da cidade.
A gente fica até emocionada de falar. Um dia a gente recebeu também assim, hoje nós temos pra doar pra quem precisa. É uma alegria muito grande.
Conforme o MST, em Pinhão os alimentos foram distribuídos nos bairros Colina Verde, Ouro Verde e Invernadinha. A diversidade de alimentos chegou a 53 itens. Entre os produtos doados está feijão, arroz, quirera, fubá, farinha de milho, pinhão, erva-mate e batata-doce. Além disso, mandioca, moranga, abóbora, derivados de leite, hortaliças e batata. E ainda, limão, laranja, banana e sabão caseiro.
O agrônomo Jairo Macedo, trabalha na Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) e acompanha as comunidades rurais da Região há 30 anos. Conforme Macedo, a ação deste sábado “é uma pequena amostra” do que pode ser o resultado da efetivação da reforma agrária.
É muito gratificante ver os assentados e os acampados que já estão produzindo para si e para poder doar a outras pessoas nesse momento de crise, de fome pela pandemia. Estão aqui dentro dos bairros carentes da nossa cidade mostrando pra população como é ter um pedaço de terra, ser um assentado, estar na reforma agrária.
Nelson Preto é morador do assentamento Nova Geração. E também é integrante da direção do MST na Região. De acordo com ele, foram cerca de 20 dias para mobilizar e organizar a arrecadação dos alimentos. Assim, a entrega nos bairros urbanos ao longo deste sábado reformou a necessidade da iniciativa.
“Não é só no nordeste que tem gente que possa fome, não é só São Paulo. Aqui nós visitamos os bairros e as comunidades de Guarapuava onde estão a fome, a miséria, o desemprego, não tem ajuda municipal ou estadual”.
SOLIDARIEDADE
Além das doações em Pinhão e Guarapuava, famílias do MST no município de Rio Bonito do Iguaçu, doaram quatro toneladas de alimentos à população urbana da cidade neste sábado. A ação partiu dos agricultores do acampamento Herdeiros da Terra de 1 de Maio.
Assim, com estas doações, o MST do Paraná chegou ao total 154 toneladas de comida saudável doada desde o início da pandemia. Também foram distribuídas 2.200 marmitas agroecológicas e 400 máscaras de tecido.
Por fim, o Movimento de todo o Brasil está em campanha permanente de solidariedade e já doou mais de 1.200 toneladas de alimentos.
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