O jornalista Josias de Souza pesquisou e chegou a uma conclusão arrepiante para o PT. O Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4), sediado em Porto Alegre, só costuma revisar as decisões do juiz Sergio Moro em um número ínfimo de casos. A cada 100, apenas quatro sentenças, ou 4%, são alteradas.
Este é, portanto, o percentual de esperança que o ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva pode alimentar, realisticamente, de escapar a uma condenação em segunda instância caso seja – como tudo indica que será – condenado na primeira instância, em Curitiba, por Moro em lavagem de dinheiro e corrupção passiva no caso do tríplex do Guarujá.
O caso do tríplex não é, nem de longe, o mais grave e nem o com maior número de provas envolvendo Lula, mas ganhou uma notoriedade especial devido à circunstância que pode ter importante desdobramento político.
Como a sentença de Moro deve ser dada agora em julho, a do TRF4, pelo prazo médio das sentenças, virá em tempo de proporcionar uma segunda condenação a tempo de inviabilizar a candidatura do ex-presidente, que se tornará um ficha suja, inabilitado a disputar a Presidência da República.
O conhecimento dessa mecânica processual levou o PT, em desespero, a investir na campanha das ‘diretas já’, um artifício que exigiria mudança constitucional, mas poderia livrar Lula das garras da lei, pelo menos com relação à segunda instância, se fosse possível torna-lo candidato e elegê-lo a tempo.
Sem essa possibilidade de fuga, da qual o próprio PT começa a desanimar, resta a Lula conviver com a possibilidade da condenação e da cadeia.
*Ademar Traiano é deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e do PSDB do Paraná