22/08/2023
Cotidiano Saúde

Quebrar o silêncio ajuda a prevenir suicídios, dizem especialistas

Na contramão do resto do mundo, América Latina tem aumento de casos. Por isso, há necessidade de ações de prevenção e o tema não pode ser tratado como tabu

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Marido agride esposa com deficiência auditiva e ameaça matar filho de 4 meses (Imagem: Reprodução/Freepik)

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Para prevenir suicídios, precisa-se discuti-lo (Imagem: Reprodução/Freepik)

Tornam-se cada vez mais comuns relatos de pessoas que tentam tirar a própria vida no Brasil e no mundo. Mas esse não é um fenômeno exclusivo de grandes centros, Guarapuava e Região também têm registros de casos diariamente.

Na última sexta (28), equipes policiais e Corpo de Bombeiros atenderem uma jovem de 25 anos que buscava esse fim na PR-466. Na madrugada deste domingo (30), a 8ª Companhia Independente da Polícia Militar divulgou outro caso, em Rebouças, de tentativa de suicídio.

Os números alarmantes e tão próximos a realidade da Região mostram que esse tema é um fenômeno multifatorial, ou seja, há vários elementos envolvidos que levam a essa decisão. Por isso, é preciso uma articulação de setores e saberes para que ações de prevenção tenham sucesso.

Além disso, especialistas ouvidos pela Agência Brasil afirmam que não se pode tratar o tema como tabu. Principalmente em um cenário em que o país enfrenta alta no número de pessoas que tiram a própria vida. O número de suicídios no Brasil cresceu 11,8% em 2022 na comparação com 2021.

O levantamento faz parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho. Em 2022, houve 16.262 registros, uma média de 44 por dia e em 2021, 14.475. Em termos proporcionais, o Brasil teve oito suicídios por 100 mil habitantes em 2022, contra 7,2 em 2021.

INFÂNCIA E JUVENTUDE

Conforme os especialistas, o aumento tem sido proporcionalmente maior em faixas etárias mais jovens, abarcando infância e juventude. De acordo com o vice-diretor do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Rossano Cabral Lima, a tendência é  preocupante.

Com base nos boletins epidemiológicos publicados pelo Ministério da Saúde, ele aponta que a média nacional era de 5,24 casos por mil habitantes em 2010. O especialista destaca que Brasil e América Latina estão na contramão do mundo, que experimenta um decréscimo nos casos de suicídios. Ele acredita que esse aumento pode ser relacionado a determinantes sociais latino-americanas.

À medida que aumenta a taxa de desemprego, aumenta a de suicídio; à medida que cai a escolaridade, aumenta a taxa de suicídio. A violência na comunidade, de uma maneira geral, também aumenta os casos.

Conforme o psiquiatra Humberto Müller, é fundamental desmistificar as fantasias e preconceitos com relação às doenças e tratamentos psiquiátricos. “Muitos pacientes sofrem em silêncio, sem buscar atendimento por vergonha ou desconhecimento. A psicoeducação salva vida, pois traz luz às trevas da ignorância e estimula a busca por autocuidado”.

Além disso, para ele, o enfrentamento do problema se faz com políticas públicas que ofereçam alternativas terapêuticas multidisciplinares aos que sofrem. “Ter acesso ao psiquiatra e psicólogo salva vidas. É preciso aumentar a rede de apoio, disponibilizando mais profissionais de saúde mental, para que possam atender a demanda latente e estruturar políticas públicas visando a prevenção e autocuidado”.

ACOLHIMENTO

O Centro de Valorização da Vida (CVV) é um dos principais serviços de aconselhamento no país de pessoas que enfrentam pensamentos suicidas. De acordo com o último relatório de atividades do CVV, por meio do número de telefone 188 (ligação gratuita), 3,5 mil voluntários atendem uma média de 8 mil ligações por dia.

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Antunes

Jornalista

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