22/08/2023


Política Região

‘Queda de braço’ entre prefeita cassada e vereadores agita a política em Quedas do Iguaçu

Prefeita diz que sessão foi ilegal; vice não comparece para ser empossado e Câmara garante legalidade da cassação

presidente camara de quedas

Mesa Executiva da Câmara (Foto: Divulgação/Câmara)

Localizado a 177 quilômetros de Guarapuava, Quedas do Iguaçu patrocina um fato político, no mínimo, incomum. A prefeita Marlene de Fátima Revers está com o mandato cassado pela Câmara de Vereadores desde a noite de terça (6). Porém, há informações de que a prefeita desconsiderou a cassação e continua despachando normalmente.  Enquanto o vice prefeito Anelson Ubialli (PSB) não foi à sessão de quinta (8) que o empossaria no cargo. Tanto Marlene quanto Anelson assinaram um documento onde dizem não reconhecer a autoridade da sessão que cassou a prefeita.

O Portal RSN tentou contato com Marlene, por diversas vezes, nesta sexta (9). Porém, as ligações permaneciam no modo de espera até cair.

De acordo com o presidente da Câmara de Vereadores, Eleandro da Silva (SD), a ausência do vice seria uma “manobra” da prefeita. “Conversamos com familiares do vice-prefeito que disseram que o Anelson está com a esposa doente, internada em Pato Branco. E que ele também está doente”. Conforme afirmou Eleandro ao Portal RSN, a família disse que Anelson assinou um ofício sem ter consciência do teor.

Se aproveitaram de um momento de doença para que o vice assinasse o ofício sem saber direito do que se tratava.

O conteúdo diz que prefeita e vice não reconhecem o julgamento feito pela Câmara. Conforme o ofício Marlene não foi intimada. Alega também que a defesa da prefeita foi comunicada da sessão fora do prazo legal. Além de que, para a sessão de cassação foi “clandestina” e que, portanto, é “nula”.

Marlene de Fátima, prefeita cassada (Foto: Reprodução)

Esse documento foi protocolado na Procuradoria da Câmara. Entretanto, de acordo com o presidente, a Mesa Executiva possui documentação comprobatória de que o procurador da prefeita recebeu as informações exigidas para validar a decisão. “Foi ela [prefeita] que se ocultou para não assinar a intimação”, disse Eleandro.

Assim, com esse impasse, o município continuará sem comando político até a segunda (12), quando Anelson será esperado pelos vereadores para assumir o comando da administração municipal. Caso o vice-prefeito não compareça para ser empossado, Eleandro é o primeiro na linha sucessória. “E eu tomarei posse como prefeito de Quedas do Iguaçu”, assegurou ao Portal RSN.

O MOTIVO

“A investigação apurou fraude na compra de bolos, corrupção ativa e passiva, e associação criminosa na gestão.  De acordo com as investigações, entre
setembro de 2017 e julho 2018 foram gastos mais de R$ 270 mil com a compra de quase 6,5 toneladas de bolo e mais de 36 mil salgadinhos para reuniões do Conselho Municipal de Assistência Social. O conselho é composto por apenas cinco pessoas.

Para tentar barrar a sessão que cassaria o seu mandato, Marlene Revers entrou na justiça com mandado de segurança. Porém, a sessão foi normal e maioria dos 13 vereadores foram favoráveis à cassação. Apenas Osny Soares, Santa Fé e Marisete Piaseck, que são da bancada da prefeita, se abstiveram de votar.

NAS REDES

O clima na cidade é favorável à saída da prefeita. Nas redes sociais há um movimento que adere à cassação do mandato de Marlene. “A maioria da população quer que ela [prefeita] saia”, diz Eleandro.

Cristina Esteche

Jornalista

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