Após quatro décadas de promessas e expectativas frustradas, Mato Rico, distante 135 quilômetros de Guarapuava, finalmente passou a integrar de forma efetiva a malha rodoviária estadual. Nesta quarta (14) o governador Ratinho Junior e o presidente da Assembleia Alexandre Curi entregaram a pavimentação da PR-239, entre Pitanga e aquele município. São 43 quilômetros de asfalto que, mais do que reduzir distâncias físicas, corrigem um déficit histórico de infraestrutura e conectividade na Região.
A obra representa um marco simbólico e prático. Ou seja: o fim do isolamento geográfico de uma das cidades mais negligenciadas pelas políticas rodoviárias do Estado nas últimas décadas. Para além da melhoria no transporte de pessoas, ambulâncias e cargas, a nova rodovia encurta o tempo de deslocamento. Assim como reduz custos logísticos e potencializa o escoamento da produção agropecuária, principal motor econômico da Região.
ATÉ RONCADOR
Além disso, a ordem de serviço assinada para estender a pavimentação até o município de Roncador indica que a atual gestão estadual busca ampliar esse eixo de desenvolvimento. Sim, porque cria corredores regionais que antes inexistiam. Ao menos em termos de infraestrutura qualificada. Trata-se, portanto, de uma ação de caráter estratégico. Tanto para a interiorização das políticas públicas quanto para o fortalecimento da presença do Estado em Regiões historicamente marginalizadas.
Antes da obra, o deslocamento entre Mato Rico e Pitanga, que são geograficamente vizinhos, exigia cerca de duas horas de viagem. E por um trajeto improvisado de 120 quilômetros de estrada de chão, vulnerável a intempéries e acidentes. Hoje, com o novo trecho asfaltado, o trajeto pode ser percorrido em menos da metade do tempo. E tem mais: com mais segurança, economia e previsibilidade.
CAPITAL POLÍTICO
Num momento em que o governo estadual busca consolidar capital político em Regiões onde a presença do Estado sempre foi tênue, obras como essa vão além da engenharia civil: elas têm impacto direto na reconstrução da confiança entre população e governo, especialmente em municípios com baixo IDH, base econômica primária e pouca visibilidade eleitoral.
A presença reforçada do governador na Região, com duas agendas públicas em menos de uma semana, tem leitura clara. Há uma tentativa de reconfiguração do mapa político estadual, com foco na valorização do interior. O desafio agora é transformar essas entregas em política pública contínua e não apenas em marcos isolados de capital eleitoral.
Resta observar, portanto, se essa guinada será pontual ou parte de uma agenda de Estado para reverter desigualdades estruturais. O fato é que, com o asfalto chegando, a Mato Rico de hoje já não é mais a mesma de ontem. E o futuro da Região passa a depender menos de promessas e mais da continuidade da presença pública.