22/08/2023
Política

Reativar o presídio do Ahú é um retrocesso, diz Rusch

Curitiba – “A setenta dias do final da administração Requião, o Paraná parece estar desgovernado. Provavelmente o governador deixará o cargo no dia dois de abril para concorrer a uma vaga ao Senado com promessas não cumpridas, compromissos não honrados e ações equivocadas, como é o caso da reativação do presídio do Ahú, em Curitiba, para abrigar presos da Penitenciária Central do Estado (PCE)”, disse o líder da Oposição na Assembleia, deputado Élio Rusch (DEM).
Após a rebelião ocorrida na última semana, a PCE precisa passar por reforma. O local tem capacidade para abrigar 500 detentos e no dia da rebelião contava com 1.583 presos.
“Esse governo sempre pareceu perdido em suas ações, sem rumo, agora se perdeu de vez ao reativar o presídio do Ahú. É uma atitude tomada sem qualquer fundamento. O prédio do presídio está praticamente condenado, desativado há quase quatro anos. Não tem cabimento realizar essa transferência de presos para o Ahú”, disse Rusch.
Durante a rebelião, três agentes penitenciários foram mantidos como reféns. Ao final do motim, seis presos morreram e outros oitos ficaram feridos.
“O presídio do Ahú está abandonado desde 2006 quando os presos foram transferidos, pois ficou definido que ali seria instalado o Centro Judiciário de Curitiba cuja obra teria início em 2007 e até agora a licitação não foi realizada” afirmou. “O governo diz que construiu 12 presídios, criou oito mil vagas, mas isso não teve nenhum efeito prático. As cadeias e os presídios continuam superlotados”, completou.
O deputado reacendeu a discussão sobre a regulamentação da Defensoria Pública, que ainda não existe de modo efetivo no Paraná. Segundo ele, esse seria um meio para reavaliar a situação dos presos e com isso diminuir a quantidade de detentos nos presídios do estado.
“Falta uma ação efetiva do Governo para regulamentar a Defensoria e aí sim organizar o sistema prisional do Paraná, pois muitos daqueles que estão presos já poderiam estar em liberdade, mesmo que condicional. A Defensoria hoje é exercida por pessoas não concursadas, inclusive através de convênios com as universidades”, defendeu.
Rusch lembra ainda que a retirada dos policiais que ajudavam na vigilância dos presos da PCE foi um dos fatores que contribuíram para que a rebelião ocorresse, já que os agentes penitenciários não possuem armas de fogo e estavam em um número muito pequeno para poder controlar todos os rebelados.
“Mais uma ação equivocada deste governo, que comprovou falta de policiais militares no Paraná. Os policiais tiveram que ser deslocados da PCE para cobrir a Operação Verão no litoral paranaense. O concurso para a contratação de novos soldados ainda não saiu do papel e até que todos os trâmites sejam realizados já estaremos em 2011”.

Celas Modulares
Outro ponto destacado pelo líder oposicionista é a superlotação das cadeias das delegacias.
“Delegacia é para manter presos por um curto período, não deve servir como cadeia ou presídio como tem sido frequente aqui no Paraná. Com isso, o número de fugas só tende a aumentar, e a polícia, que infelizmente tem um baixo efetivo e está mal preparada, não tem condições de recapturar esses presos”, apontou.
O deputado citou as celas modulares, prometidas no início de 2009 e que até julho estariam em funcionamento, resolvendo assim o problema da superlotação das cadeias do Paraná.
“Foram prometidas 120 celas até julho, foram entregues apenas 61 que não foram suficientes para acabar com a superlotação. São rotineiras as fugas em delegacias e o governo não tem agido, como prometido, para resolver esse problema. Fica apenas no discurso e uma ação rápida e efetiva não acontece”.

Cristina Esteche

Jornalista

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