22/08/2023
Segurança

Receita e polícia desarticulam organização entre Brasil e Paraguai

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Da redação, com assessoria e agência

Investigação para desarticular uma organização suspeita de operar com lavagem de dinheiro e evasão de dinheiro entre o Brasil e o Paraguai foi deflagrada nesta quinta feira (5) pela Receita Federal e pela Polícia Federal nos estados do Paraná, de São Paulo, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Estão sendo  cumpridos sete mandados de prisão preventiva, 34 mandados de prisão temporária, 25 mandados de condução coercitiva e 68 mandados de busca e apreensão nos municípios de Foz do Iguaçu Santa Terezinha de Itaipu, Matelândia, Cascavel, Toledo, Altônia, Joinville (SC), Soledade (RS), Ribeirão Preto (SP) e Monte Aprazível (SP). Estão envolvidos na ação 230 policiais federais e 30 servidores da Receita Federal.

O grupo criminoso utilizava contas bancárias de 87 empresas, em geral fictícias, para receber vultosos valores de pessoas físicas e jurídicas, interessadas em adquirir mercadorias, drogas e cigarros provenientes do Paraguai, de diversos Estados brasileiros. Constatou-se que as empresas controladas pela organização criminosa investigada movimentaram mais de R$ 600 milhões de origem ilícita.

Este grupo era responsável por conferir aparência lícita a recursos financeiros de origem criminosa e remeter esse mesmo dinheiro “sujo” ao Paraguai. Além dessas atividades, para atender as exigências de “doleiros” paraguaios, a organização criminosa também era responsável por transferir parte dos ativos ilícitos para contas bancárias brasileiras controladas por tais “doleiros”.

A operação foi batizada de “Bemol” por possuir o mesmo propósito da Operação Sustenido, deflagrada há menos de um ano pela Polícia Federal e pela Receita Federal em Foz do Iguaçu, que desarticulou organização criminosa especializada na prática dos mesmos delitos investigados na Operação Bemol.

A expressão Bemol é uma referência à teoria musical, visto que tanto o sustenido quanto o bemol representam uma nota intermediária entre duas outras notas musicais. O papel das organizações criminosas descortinadas pelas Operações Sustenido e Bemol era o de fazer a ligação entre traficantes de droga, “cigarreiros” e empresários brasileiros, com os fornecedores de tais produtos residentes no Paraguai. Os dois grupos criminosos desarticulados pelas referidas Operações representavam o elo entre criminosos brasileiros e paraguaios, ou seja: representam o semitom sem o qual a sinfonia não pode ser tocada.

O trabalho realizado pela Polícia Federal e a Receita Federal demonstrou que o combate à lavagem de dinheiro e à evasão de divisas deve ser uma constante na tríplice fronteira. Evidentemente, a droga, o cigarro e outros ilícitos procedentes do Paraguai não vêm para o Brasil gratuitamente. Os fornecedores paraguaios enviam seus produtos ilícitos para o Brasil depois de serem pagos para isso. As organizações criminosas desarticuladas pelas Operações Sustenido e Bemol eram responsáveis por garantir o pagamento dos fornecedores paraguaios. Sem dúvida, aniquilando-se esse tipo de grupo criminoso, dificulta-se a transferência de recursos financeiros de origem espúria para o País vizinho e, por consequência, inviabiliza-se a remessa de artigos ilícitos do Paraguai para o Brasil.

A Receita Federal informou que as investigações identificaram contas bancárias de diversas empresas, em geral fictícias, destinadas a receber valores de pessoas físicas e jurídicas brasileiras. Essas pessoas físicas e jurídicas, envolvidas nas investigações, manifestaram interesse em adquirir mercadorias, drogas e cigarros provenientes do Paraguai.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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