Mais de 80% das famílias da região Sul do Brasil estão endividadas. De acordo com a "Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras", realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 985,15 mil (82,03%) das 1,2 milhão de famílias da região encerraram 2011 com dívidas. O que representa um avanço de 25,13% em relação a 2010, quando havia 787,33 mil famílias do Sul nesta situação. O cenário, entretanto, varia bastante de um estado para outro, sendo que o resultado geral foi puxado pelos números de Florianópolis e Curitiba.
Segundo o estudo, que avaliou os números consolidados de 2010 e 2011, a capital que apresentou o maior aumento na quantidade de famílias endividadas foi Florianópolis, que tem 119.271 (88,83%) de suas 134.271 famílias nesta situação. Um aumento de 45,62% no total de famílias com dívidas no período. Contudo, Florianópolis não é a capital que tem a maior proporção de famílias devedoras. Este título cabe a Curitiba, que tem 526.704 (90,27%) de suas 583.453 famílias endividadas. Um impulso de 42,44% em relação a 2010, quando 369.761 famílias se enquadravam nesta categoria.
Porto Alegre, por outro lado, viu a quantidade de famílias com dívidas progredir de maneira mais ponderada. Em 2010, 335.661 famílias tinham dívida e, em 2011, este número avançou para 339.175. Um impulso de apenas 1,05%. Entretanto, o número representa 70,19% do total de famílias (483.214).
Há três motivos, contudo, que fazem o avanço do nível de endividados no Sul não preocupar. Primeiro, enquanto a renda média mensal das famílias brasileiras é de R$ 5.231,53, a das famílias de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre é de R$ 6.049,37, R$ 7.145,39 e R$ 6.977,20, respectivamente. O que significa mais capacidade de se endividar. Além disso, apesar do nível de endividamento ter subido, a parcela da renda comprometida com o pagamento das dívidas caiu em duas das três capitais. Em Curitiba, somente 26,4% da renda tem esta destinação, um recuo de 2,36 pontos porcentuais (p.p.). A porcentagem da renda dedicada à este fim em Florianópolis é praticamente a mesma, 26,36%, um recuo de 3,57 p.p.. Porto Alegre foi a exceção. Na capital gaúcha 31,25% da renda tem esse fim. O número é 1,62 p.p. superior ao registrado em 2010.
Mas não foi só no Sul que o endividamento aumentou. De acordo com a "Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras", 62,5% das famílias estão endividadas, um crescimento de 6,39% entre 2010 e 2011. O volume da dívida também aumentou, e muito, 11,57%. Em 2010, as famílias deviam R$ 145,14 bilhões e agora este montante é de R$ 161,93 bilhões, ou R$ 13,49 bilhões por mês.
Por outro lado, o rendimento das famílias endividadas cresceu 11,73%, saltando de R$ 491,52 bilhões para R$ 549,17 bilhões, ou R$ 45,76 bilhões por mês. O que permitiu ao brasileiro aumentar a dívida sem ampliar a parcela da renda comprometida com esta. Ao contrário, houve uma ligeira redução neste quesito. O recuo foi de somente 0,04 ponto porcentual (p.p.), mas demonstra que as famílias estão aprendendo a administrar melhor sua renda.
O destaque negativo foi o aumento de 2,4 p.p. na taxa de juros – que também pode ser encarada como o preço do crédito -, que custaram as famílias um desembolso adicional de R$ 42,3 bilhões no ano. No total, foram R$ 183,5 bilhões gastos com juros. Montante que poderia ter ampliado o consumo das famílias e, consequentemente, alimentado à cadeia produtiva, estimulado a geração de emprego e renda e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).