22/08/2023
Brasil

Reinventar a roda? Pra quê? Se ela se redesenha sozinha!

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Fazendo uma revisão em páginas da História percebo que não adianta querer reinventar a roda, porque ela se redescobre sozinha. E o melhor de tudo: nos coloca nessa roda viva num vai e vem que nos remete ao túnel do tempo.

Explico! Lembram quando estudamos sobre o escambo, sistema de troca entre os povos mais primitivos, em que a moeda que circulava era a da partilha, da troca, da parceria? Os povos indígenas, as comunidades africanas, têm muito desse conceito que se contrapõe ao sistema financeiro atual. Aliás, que já começou a entrar em colapso.

Sabemos que até pouco tempo, comprar, possuir, acumular eram os verbos conjugados incessantemente, alimentando uma ambição excessiva que, em muitos casos, germina a corrupção, o abuso com o dinheiro público, o tráfico de drogas. Fatos diários sobre isso tomam conta dos noticiários, inclusive em Guarapuava. É um entendimento de que você é o que você possui, onde tudo o que você tem, ou não, define uma escalada social frágil, como se fosse um castelo de areia, onde possuir bens materiais define a razão de existir.

Mas o mundo está mudando. Estamos saindo de uma escuridão para entrarmos numa nova era, para mim, revolucionária. Sabe, aquela coisa de virar a mesa, de chutar o pau da barraca, de virar o mundo de ponta cabeça, de voltar às raízes, de valorizar o simples, o que é essencial? De criar uma nova maneira de produzir, de “vender”, de consumir? De ter uma nova visão objetivando revirar os princípios básicos, principalmente, da economia, de mexer em tudo o que nos foi empurrado goela abaixo como sendo verdadeiro, imutável, único?

Nessa busca, nessa ânsia de protagonizar transformações, de fazer girar essa mandala da vida, me deparei com o livro “Sociedade com Custo Marginal Zero”, do ensaísta americano Jeremy Rifkin. Ele diz que estamos assistindo o ocaso da segunda Revolução Industrial, com base no uso massivo de energias fósseis e sistemas centralizados de telecomunicação – a web está aí para isso mesmo.

E navegando nessa vibe é possível perceber que o mundo não aguenta mais esse capitalismo selvagem, que as pessoas anseiam por um novo modelo, uma novo estilo de vida que deixe o egoísmo de lado, que provoque uma introspecção, que deixe emergir uma forma de economia colaborativa que se contraponha ao sistema financeiro depredador. E nessa questão o desapego é fundamental, a revisão de conceitos é vital.

Você já se imaginou trocando o seu serviço por algo que você necessita sem dispor de um centavo, como faziam nossos antepassados com o sistema de escambo?

É claro que existem coisas modernas. Um exemplo bem conhecido é o UBER onde pessoas comuns dirigem seus próprios carros particulares para outras pessoas usando apenas um aplicativo para conexão e negócio entre elas. Há também o famoso AirBnb, onde as pessoas preferem trocar hotéis para se hospedarem em casas.

O fato é que as pessoas estão sendo despertadas pelo anseio de um novo modelo econômico. E ele surge, aos poucos, como se tivéssemos num círculo onde tudo sempre recomeça.

Cristina Esteche

Jornalista

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