A pandemia de covid-19 mudou a rotina das pessoas, principalmente daquelas que estão em um relacionamento à distância, ou seja, morando em cidades diferentes. Seja namoro, amizade até mesmo o contato familiar, o fato é que os abraços calorosos se tornaram mensagens e chamadas de vídeo.
Toda vez que a tela do celular acende e o barulho do WhatsApp toca, Maria Gabriela pega o celular na mão. Ela conta que o namorado mora em Cascavel. Então, não importa se é cedo da manhã ou no início da madrugada, ela retorna as mensagens de Victor. “Estamos nos vendo muito menos, uma vez por mês ou até uma vez a cada dois meses. Mesmo com essa distância e a saudade, é para ele que corro toda vez que me sinto triste ou ansiosa. As mensagens e as chamadas amenizam esse caos que estamos vivendo”.
Há dois anos e sete meses juntos, os dois costumavam se encontrar de 15 em 15 dias. Os estudantes precisaram aprender, há pouco mais de um ano, que o isolamento proporciona uma ruptura entre abraços e encontros físicos. Assim, para garantir a saúde, chegaram a passar três meses sem se encontrar. “Início de pandemia, cidades fechadas e todo aquele clima de medo (que ainda vivemos). Um período difícil, mas vencemos e quando nos encontramos foi especial”.
AS REDES SOCIAIS E O AMADURECIMENTO
Se antes as pessoas se enviavam cartas ou pagavam por ligações. Hoje, as redes sociais nos permitem conversar com aqueles que estão no outro lado do mundo. A facilidade de manter a comunicação também ajuda no desenvolvimento da relação. Afinal, em qualquer desentendimento é possível ligar por chamada de vídeo e olhar nos olhos da pessoa enquanto conversa. “Amadurecemos e conseguimos perceber o que a gente precisava para que o relacionamento se tornasse melhor”.
Para o psicólogo Eduardo Silveira, a distância é um pano de fundo para perceber mudanças e entender se está em um relacionamento “frutífero”. “Estar muito junto ou demasiadamente separado faz com que as relações mudem e as pessoas pensem se aquilo é realmente o que querem e se estão dispostas a viver”.
É preciso ouvir o outro, conversar e expor todas as situações. Ser um bom ouvinte pode ser o segredo para um bom relacionamento à distância. É preciso entender que estamos vivendo um período difícil e diferente, em que cada um desperta um sentimento diferente. Há muitos relatos sobre aumento de separações que são resultado de uma convivência direta, em que as pessoas passaram a ficar 24 horas juntas.
Além disso, o relacionamento que inicia por internet mudou a forma das pessoas se relacionarem. Uma pesquisa do professor Ailton Amélio da Silva, que é estudioso dos relacionamentos amorosos mostra que 37% dos casais já se conhecia antes de se relacionar, eram amigos, trabalhavam juntos. Outros 32% foram apresentados, 5% dos relacionamentos amorosos começavam a partir de encontros acidentais e só 2% iniciavam por serviços como sites ou anúncios. Ou seja, a internet também contribui para as mudanças que o isolamento provoca.
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