22/08/2023
Cotidiano

Reportagem: Guarapuava tem o pior desempenho em 2009 na geração de empregos

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Entre outros fatores, presidente da ACIG culpa concetração de renda, falta de infra-estrutura e “imediatismo” político

Guarapuava – O saldo de empregos com carteira assinada, em Guarapuava, apresenta retração de menos 81 na geração de empregos em 2009, ocupando a 18ª colocação no Paraná. O saldo mostra uma das piores performances nos últimos anos, no que pese a vinda de empresas de grande porte como a Agrogen (indústria na área de tecnologia aviária) e a Pietrobom (fábrica de chocolates).

O setor que mais demitiu foi o de serviços, totalizando 79 demissões, seguido da construção civil com 44 demissões. A agropecuária, carro-chefe da economia guarapuavana, ficou com saldo positivo de 49 admissões. Os números divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged, na quarta-feira (20) coloca Guarapuava no “ranking” das principais cidades da região central com pior desempenho na geração de empregos em 2009 e mostra que o ano passado foi marcado por mais demissões do que contratações.

Entre os municípios da região, Guarapuava ficou atrás de Prudentópolis, que apesar de ficar com saldo negativo de -15 ficou em 5º lugar. Pitanga aparece em 14º lugar com – 61 empregos, enquanto Laranjeiras do Sul está na 16º colocação com -62,e Irati em 17º com -70 empregos. Telêmaco Borba foi a primeira colocada no ranking em dezembro/2009, entre os 53 municípios do Paraná que mais geraram emprego com saldo de 141.

A retração reflete o contexto econômico ainda com marcas da crise mundial, eclodida no último trimestre de 2008. Já o Paraná, apesar da crise, registrou em 2009 um saldo de 69.084 novos empregos formais e fechou o ano com mais de 2,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada. O resultado paranaense foi o melhor da Região Sul e a taxa de crescimento no Estado, de 3,23%, ficou acima da média nacional (3,11%) e de Estados como São Paulo (2,64%), Rio de Janeiro (2,80%) e Minas Gerais (2,65%).

“Política do imediatismo”

Para o presidente Associação Comercial e Empresarial de Guarapuava (ACIG), Valdir Grígolo, a queda no saldo da geração de empregos em 2009 é expressiva e mostra o peso provocado pela falta de novos investimentos e pela política do “imediatismo” por parte dos governantes. “Vivemos numa cidade onde não há riqueza agregada. A nossa região é uma das mais pujantes na agricultura e vemos toda a produção ir embora. As indústrias não dão certo, há falta de investimentos. Se pensa só no imediatismo. A distribuição de renda continua centralizada, não há distribuição. Não se pensa na coletividade”, afirma.

Grígolo defende uma maior atenção ao empreendedorismo. “Quem tem recursos não investe. Parece que está tudo bem, ninguém gasta dinheiro. Se tirarmos as grandes indústrias que temos, como a Agrária e a Santa Maria, o que temos? Resta apenas a informalidade, o fundo de quintal. A situação é complicada. É preciso investir no empreendorismo”, diz. Em sua análise o líder empresarial diz também que a cidade, por ser bi-centenária, continua enraizada no extrativismo. “Temos uma grande produção de batata e quando alguém defendeu a industrialização do produto foi taxado de sonhador. Veja: a Prefeitura foi buscar uma indústria de calçados lá não sei aonde, como se fosse a salvadora da pátria. E o que aconteceu?” questiona.

Para Grígolo, a culpa é dos gestores antigos e dos atuais. Ele observa que a construção civil está indo para a informalidade pelos altos custos para manter a empresa formal. “O poder aquisitivo do nosso povo é baixo”, observa.

Apesar disso, o presidente da ACIG diz que acredita em Guarapuava e cita como exemplo de mudança o ciclo do ensino superior. “Acho que a Universidade Tecnológica vai mudar muita coisa. Não dá para dizer que tudo está perdido, embora os empresários fiquem acuados com a situação que se apresenta. Uma coisa leva a outra”. A falta de infra-estrutura também é citada como sendo uma das causas do não desenvolvimento de Guarapuava. “Enquanto não tivermos uma rodovia duplicada, uma ferrovia boa que, agilize o transporte até o Porto de Paranaguá, não teremos grandes e novos investimentos”, alerta.

Texto publicado na Tribuna Regional do Centro-Oeste de 23 de janeiro

Foto: divulgação

Cristina Esteche

Jornalista

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