Curitiba – O governador Roberto Requião defendeu nesta terça-feira (3) uma emenda constitucional que vincule a concessão de incentivos fiscais a empresas à geração e manutenção de empregos. Quero vincular constitucionalmente benefícios fiscais à manutenção dos empregos que os empresários dizem que vieram gerar no Paraná, explicou o governador, durante a reunião semanal da Escola de Governo, realizada no auditório do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.
Requião informou que a Secretaria da Fazenda e a Receita Estadual trabalham no levantamento de todos os incentivos fiscais concedidos pelo Paraná ao longo dos anos. Quem estiver demitindo vai correr o sério risco de perder o que ganhou, anunciou o governador.
Não é possível que uma multinacional, que se instala no Paraná e passa 25 anos sem pagar nenhum imposto, já na primeira crise resolva demitir a metade dos trabalhadores. Vamos transformar em prática o discurso das grandes empresas. Se eles dizem que vieram ao Paraná gerar emprego e por isso precisam de subsídios, se demitirem sem mais nem menos vão perder, na medida das possibilidades, os benefícios que o Estado concedeu, justificou.
Sempre que recebemos um empresário, a primeira coisa que ouvimos é que ele está trazendo empregos para o Paraná. Mas, em qualquer crise, a primeira coisa é demitir trabalhadores, criticou Requião. Muitos benefícios foram concedidos por decreto, e por decreto podem ser suprimidos, se ficar claro que a empresa está especulando a flexibilização de direitos de trabalhadores, a diminuição de carga horária e de salários, sem razões adequadas e legitimas, falou.
Estamos agindo desta forma em nome da manutenção de empregos e do interesse público. Então, faço um pedido ao (líder do governo na Assembléia, Luiz Claudio) Romanelli, à nossa base de apoio, para que proponham uma emenda constitucional que consagre essa política definitivamente no Paraná, disse o governador.
GRUPO DE TRABALHO Há um grupo de trabalho na fazenda fazendo a revisão de todos os incentivos fiscais que o Estado concedeu nos últimos anos. Nossa política, daqui pra frente, é vincular esses incentivos fiscais à criação e manutenção de empregos, explicou Heron Arzua. Alguns empresários argumental que o corte de empregos é uma questão de mercado. Ora, se é uma questão de mercado, eles não precisam no Estado, da manutenção de incentivos fiscais.
É claro que alguns incentivos fiscais concedidos nos últimos anos decorrem de contratos e leis, o que torna mais difícil revê-los. Mas a maior parte dos incentivos foi concedida por decreto, então podemos sim revisá-los e estamos fazendo isso, afirmou o secretário da Fazenda.
Levantamento começou há alguns meses, informou o coordenador da Receita Estadual, Vicente Luís Tezza. O mapeamento de alguns setores da economia já está completo. Em até três meses, teremos os dados de todos os benefícios que o Estado concedeu nos últimos anos, disse.
(AEN)