22/08/2023
Cotidiano

Residencial 2000: o bairro que quer existir em Guarapuava

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Quando se entra em um dia de sol no Residencial 2000 a primeira impressão que se tem é que é apenas mais um bairro onde os moradores lutam para ter melhores condições de vida. Pessoas andando pelas ruas, crianças jogando “peladas” descalças em terrenos de chão batido, donas de casa limpando suas residências e estendendo roupas, um PSF e uma escola que aparentemente precisam de algumas reformas e o comércio atendendo normalmente a comunidade.

Porém, quando se começa a conversar com os moradores e com os empresários a situação toma outro rumo. As reclamações são unânimes de que falta tudo no bairro. Não há asfalto, não há creche, o posto de saúde precisa de melhorias, a escola também precisa de melhorias e as ruas estão um caos.

A moradora Jaqueline Regiane Camargo Oliveira diz que na última semana, durante o período de chuvas, quase caiu ao tentar andar pelas ruas. “Onde não há barro, o chão fica liso que nem sabão. Eu escorreguei e quase me arrebentei no chão. Quando chove, não da pra andar nem a pé e nem de carro”, alerta ela. Jaqueline conta ainda que muitas pessoas estão procurando casas em outras regiões da cidade para trocar pelas que têm no bairro. “Ninguém aguenta viver num lugar abandonado e praticamente isolado do resto da cidade. Quando chove ninguém consegue sair de casa e quando sai enfrenta aquela buraqueira da XV pra chegar até o centro”, enfatiza ela.

O depoimento do empresário Alan Mazolla da Rosa é praticamente idêntico ao da moradora. “Você vai ouvir a mesma coisa de todos os moradores. Ninguém está satisfeito com esse abandono. No ano passado chegaram a colocar uma placa onde seria construída uma creche. Mas ficou apenas na placa e ninguém mais da Prefeitura tocou no assunto”, afirma o empresário.
Alan diz ainda que a cada dia o movimento de veículos de entrada e saída na cidade pela Rua XV de Novembro está diminuindo. “Ninguém mais quer se arriscar em ter o veículo estragado com essa buraqueira. As pessoas estão procurando outros acessos e evitando a XV, com isso também estamos tendo prejuízo, além da manutenção dos veículos”, diz.

MOVIMENTO POPULAR

Aos poucos está tomando corpo uma iniciativa popular, sem a participação das associações de moradores, para fechar a Rua XV de Novembro em protesto pelo descaso. Há cerca de três meses moradores dos bairros Moro Alto e Residencial 2000 se uniram e tentaram uma solução junto à administração municipal. Mas as tentativas foram frustradas. Agora, de acordo com o empresário Mário Alexandre Dellanova, a manifestação será mais dura. “Estamos nos organizando para fechar definitivamente a rua e ninguém entra e nem sai até que a Prefeitura atenda as nossas reivindicações”, afirma que o empresário que prefere não divulgar data e local onde a manifestação será realizada.

Cristina Esteche

Jornalista

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