A narrativa da ressurreição de Cristo e a saga da Paixão com uma trajetória de sofrimento, injustiça, morte e renascimento são potentes arquétipos da experiência humana. Embora profundamente enraizadas no cristianismo, essas ideias de queda e redenção, de morte simbólica e renovação, atravessam fronteiras religiosas e culturais. Revelam um elo universal: a busca por sentido em meio ao sofrimento e a esperança como força vital.
Durante a semana entrevistei o Bispo Diocesano D. Amilton. Não me canso de repetir que a cada conversa que temos ele consegue se superar como uma fonte de sabedoria. Falamos sobre a morte e ressurreição de Cristo, mas num sentido atual, retratadas na sociedade mundial. Percebemos que, embora o cenário mude, a essência humana continua enfrentando seus próprios calvários.
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO COLETIVA
Em tempos marcados por crises sociais, polarizações, colapsos ambientais e guerras, a sociedade moderna vive um tipo de ‘sexta-feira da paixão’ coletiva: momentos de dor, guerras, desesperança, incerteza e perda de sentido. A crucificação, então, pode ser lida como metáfora da morte simbólica de valores como empatia, solidariedade e justiça. A ganância, a ‘fome ávida’ pelo poder coloca venda nos olhos para valores vitais.
No entanto, a ressurreição aponta para uma possibilidade de renascimento. Não como retorno ao passado, mas como uma chance de transformar a dor em aprendizado, a queda em reconstrução, a arrogância em humildade. É preciso saber que a humanidade não se divide. É uma só, apesar das diferenças, seja elas política, social, cultural.
UMA ÚNICA MENSAGEM
Independente da fé da cada um, das várias culturas, a mensagem é uma só. Entendo que existe a capacidade humana de acreditar em algo maior que o presente imediato, de confiar que há sentido mesmo nas sombras. A esperança, nesse contexto, é a linguagem universal da alma diante do caos.
Nos dias atuais, em que enfrentamos crises humanitárias, mudanças climáticas, desigualdade e solidão, essa tradição oferece um lembrete: mesmo quando tudo parece perdido, há em nós uma força ancestral, alimentada por fé, cultura e espiritualidade, que insiste em ressurgir. O renascimento, seja ele espiritual, social ou interior, continua sendo uma escolha. Talvez, nossa maior resistência.
Feliz Páscoa! Feliz renascimento!
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