22/08/2023
Geral Guarapuava

Rituais seculares se mantém vivos nas "sociedades discretas"

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Bárbara Franco

Guarapuava – Alto crescimento, inserção na sociedade e liderança. Este são alguns dos principais objetivos de um grupo de rapazes, formado por meninos de 12 a 21 anos de idade, chamada Ordem Demolay.  

André Esteche Rocha Wichinhoski, entrou na Ordem aos 12 anos, e hoje com 17 afirma que a disciplina e a responsabilidade dentro do grupo são fundamentais para um ótimo crescimento como ser humano. André explica que entrou para o grupo após ser indicado por um amigo, Fábio Batista Lara, que também participa da ordem, mas como conselheiro adulto.

De acordo com André, a missão da Ordem é transformar jovens em líderes, por meio do fortalecimento de sete virtudes: amor pelos pais, referência ao sagrado, cortesia, companheirismo, fidelidade, pureza e patriotismo.  

Nos encontros, os membros se vestem com calça social preta, camisa branca e gravata preta, a roupa oficial sem a qual não podem participar das reuniões da Ordem Demolay. Os rapazes que têm os graus mais elevados dentro da fraternidade secreta entram no recinto, vestidos com longas capas pretas e paramentados com suas medalhas e cordéis de honra, com sete velas representando as sete virtudes .

A Ordem foi fundada em 1919 nos EUA, para unir garotos de 12 a 21 anos que perderam os pais na 1ª Guerra Mundial e precisavam que um ajudasse o outro para conseguir sobreviver sozinhos em meio ao caos. Sob a tutela da Maçonaria, a Ordem existe em Guarapuava desde 1998, e conta com 23 cargos distribuídos entre 41 meninos.

Justamente por ser uma ordem discreta, como os membros definem, e não propriamente secreta, o Demolay desperta a imaginação e a curiosidade de quem não conhece direito seu funcionamento. O nome Demolay é uma homenagem ao último grão mestre da Ordem dos Templários, Jacques DeMolay, que foi queimado na fogueira pela Inquisição por se negar a entregar seus companheiros e os segredos que guardava. Em respeito a essa história, os jovens preservam a tradição e por isso pregam a amizade e a discrição.

Segundo André, os sinais, cumprimentos e rituais secretos são apenas uma maneira de preservar essas tradições sem alterações ao longo do tempo. “Nossa ritualística é fechada para não perdermos os detalhes com influências externas”, diz. “Até podemos ter segredos, mas o mais importante são os trabalhos filantrópicos que realizamos”.

Dentro da Ordem cada um tem seu dever, que são divididos em cargos. André explica que o Capelão, por exemplo, é responsável pelo elo entre os membros e o Pai Celestial – que não é chamado de Deus já que todos os credos são aceitos. A autoridade máxima é o Mestre Conselheiro.

Para entrar na irmandade, o adolescente e jovem devem ser convidados por algum membro ou caso deseje entrar e não conheça ninguém que esteja participando é possível entrar em contato com um dos participantes para que possa ser convidado. Outro ponto importante é que para que o menino possa participar ele deve ter total apoio da família, como é o caso de André, que tem seus pais o apoiando desde sempre. Luiz Carlos Wichinhoski, pai de André, garante que a Ordem só veio para agregar valores para seu filho, ainda mais que atinge justamente uma fase difícil, a adolescência.  

 

Cristina Esteche

Jornalista

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