22/08/2023
Esportes

Roberto Braatz realiza preparação intensiva para a Copa

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Guarapuava – Enquanto alguns jogadores paranaenses como o zagueiro Naldo, o meio-campo Kléberson e o atacante Nilmar brigam para defender a Seleção Brasileira na Copa do Mundo deste ano – o último com muito mais chances, diga-se de passagem – um paranaense já está garantido no maior evento esportivo da Terra: trata-se do árbitro assistente Roberto Braatz (foto), 42 anos de idade e 16 de carreira, integrante do trio brasileiro que vai a África do Sul, ao lado dos gaúchos Carlos Eugênio Simon e Altemir Haussmann.

Muito treino…

A preparação de Braatz, paranaense de Marechal Cândido Rondon, tem sido intensiva, com treinamentos e estudos diários. “Pratico exercícios físicos todos os dias. Também realizo uma série de treinamentos, estipulados pela Fifa, quatro vezes por semana, voltados para áreas especificas como deslocamento, força e explosão, além de um trabalho em academia para evitar lesões”, explica em entrevista a TRIBUNA.

Braatz destaca que boa parte da preparação é realizada online através de uma plataforma de estudos disponibilizada pela Fifa na internet e dividida nas áreas técnica, física, médica, psicológica e de energia corporal. “Precisamos acessar a plataforma diariamente para verificar o material que é disponibilizado. A Fifa controla o número de acessos e o tempo de navegação em cada área. Nunca fomos tão bem vigiados”, brinca o assistente.

O árbitro informa que também são disponibilizados vídeos com lances polêmicos, com os árbitros sendo obrigados a interpretar as jogadas. Tal atitude tem como objetivo padronizar as arbitragens a partir da postura que a entidade considera mais adequada, já que os estilos de apitar os jogos também variam. “Mas é claro que sempre vai haver pequenas diferenças. Os estilos de jogo variam e com a arbitragem não é diferente”, pondera.

Além disso, a Fifa tem realizado vários encontros com os 30 trios de arbitragem que vão a Copa. Braatz, ao lado dos dois outros brasileiros, passou duas semanas na Suíça e na Espanha no começo do mês. No mês que vem os árbitros se reunirão em Buenos Aires para uma sessão de testes físicos. Braatz comemora o empenho da entidade. “Precisamos enviar relatórios constantemente, indicando tudo que acontece conosco e como anda nossa forma física. É muito importante essa atenção que a Fifa tem nos dado”.

… poucos jogos

Se a preparação física e técnica de Braatz anda movimentada, o mesmo não pode ser dito da participação do assistente em partidas este ano. Como a Fifa exige 72 horas entre um jogo e outro, Braatz tem atuado menos. “Tenho participado de um jogo por semana, em média, quando o normal são dois. As viagens são bem desgastantes, às vezes duram três dias entre a ida, o jogo e a volta”, comenta.

Nos poucos jogos em que participar, Braatz deverá ter a companhia de Simon e Haussmann. “A Fifa pediu para que participemos juntos de mais cinco ou seis jogos antes da ida a África”, informa. Na Copa, o paranaense estará ao lado de Simon, que vai ao seu terceiro mundial, recorde entre os apitadores brasileiros (leia mais no box abaixo). Braatz começou a atuar com mais freqüência com os gaúchos a partir de 2009.

“Antes os trios normalmente eram estaduais. Quem passou a buscar uma maior diversificação foi o Sérgio Correia [responsável pela arbitragem brasileira]. Formamos um trio bastante homogêneo, somos parecidos em diversos aspectos”, comenta Braatz. Apesar de reconhecer a experiência de Simon, o paranaense destaca outros aspectos decisivos para uma boa atuação. “É claro que a rodagem do Simon ajuda, mas todos nós já participamos de jogos importantes, válidos por Eliminatórias, Mundial de Clubes… Além do mais, precisamos nos preparar bem e estarmos muito atentos para tudo que possa acontecer”, discursa.

Situação inusitada

O sucesso de Braatz na Copa pode estar ligado ao fracasso da Seleção Brasileira, já que o avanço dos times nacionais na competição significa o fim da linha para os trios dos respectivos países. Apesar disso, o paranaense garante que não se preocupa com o assunto. “O importante é fazer um primeiro jogo bom para depois se preocupar com os demais. Em 2006, por exemplo, o Oscar Ruiz [árbitro colombiano] chegou muito bem cotado para a Copa [a Colômbia não o Mundial]. No entanto, ele fez um primeiro jogo ruim e não apitou mais”, comenta.

“O importante que é alguém do Brasil esteja na final, a Seleção ou nós”, diz Braatz com bom humor. Ele acrescenta ainda que a cada dia que passa a ansiedade aumenta e agora o principal medo é com relação à ocorrência de lesões. “Com certeza vai haver aquele friozinho na barriga. Participar de uma Copa é o sonho de todo jogador e com os árbitros não é diferente. Trata-se do ‘maior espetáculo da Terra’”, empolga-se o paranaense, que destaca o frio como maior inimigo dos brasileiros, já que o Mundial acontece no inverno sul-africano.

Braatz, Simon e Haussmann embarcam para a África do Sul a partir do dia 20 de maio onde finalização a preparação para o Mundial que começa no mês seguinte.

Curiosidade: Simon quebra recorde

O árbitro gaúcho Carlos Eugênio Simon participará da sua terceira Copa do Mundo – ele já havia apitado em 2002 e 2006 – um recorde entre os árbitros do Brasil. No ranking de participações aparecem na seqüência Mário Vianna, Armando Marques e Arnaldo César Coelho, com duas Copas cada um – ao todo 18 árbitros e assistentes brasileiros já participaram dos Mundiais.

Em 2006, Simon já havia quebrado o recorde de jogos de um brasileiro – o gaúcho dirigiu cinco partidas em Copas. Se Simon é o recordista absoluto em Mundiais, dois brasileiros tiveram a honra de apitar finais da competição. Arnaldo Cezar Coelho dirigiu a vitória italiana sobre a Alemanha, por 3 a 1, em 1982, e Romualdo Arppi Filho conduziu o trunfo da Argentina sobre os alemães em 1986 – o jogo acabou em 3 a 2 para os hermanos e deu a eles o bi-mundial.

Outros apitadores nacionais também se destacaram ao longo das Copas, só que negativamente. Em 1930, no primeiro Mundial, Gilberto de Almeida Rego terminou a partida Argentina e França antes do tempo, tendo que retornar ao campo para cumprir o tempo restante. Já em 1954, Mário Vianna arrumou muita encrenca ao conduzir o violento jogo entre Suíça e Itália. Posteriormente, o brasileiro teceu severas críticas ao juiz inglês Arthur Ellis e a Fifa depois da vitória húngara sobre o Brasil por 4 a 2, em uma partida que entrou para os anais das Copas como a “Batalha de Berna”. Como punição a Vianna, a entidade não indicou nenhum árbitro brasileiro para o Mundial de 1958.

Cleyton Lutz – Rede Sul de Notícias

Foto: divulgação

Cristina Esteche

Jornalista

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