O rodízio bi anual de policiais militares no Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) vai prejudicar invariavelmente as investigações e o andamento dos trabalhos. A preocupação é do coordenador do Gaeco em Guarapuava, o promotor Vitor Hugo Nicastro Honesko.
A proposta de rodízio foi feita pelo secretário estadual de Segurança Pública, Cid Vasquez e contraria o artigo 2º em seu parágrafo 4º do decreto editado pelo governador Beto Richa em 1º de março de 2012. A medida da SESP prevê também que os policiais serão indicados pela própria secretaria. De acordo com Vitor Hugo, a relação entre os policiais e o MP é de “extrema confiança”, pois requere investigações de casos complexos e não pode ser alterada. “Após muitas negociações envolvendo o vice governador (Flavio Arns) ficou acordado de que os policiais que integrarão o Gaeco serão indicados pelo Ministéro Público que é quem coordena o Gaeco. Precisamos conhecer e avaliar o perfil dos policiais que vão trabalhar no Gaeco”.
A rotatividade prevista pela Sesp é outro fator que preocupa. Em Guarapuava, o Gaeco será mexido na “espinha dorsal” que é o tenente Marcelos Veigantes , coordenador operacional do Grupo. “O tenente Veigantes é um dos policiais que tem mais tempo de serviços prestados ao Gaeco em Guarapuava e é quem coordena todas as investigações. Trabalhamos no combate ao crime organizado onde, além de complexo, não se faz uma investigação da noite para o dia." Podendo levar anos de investigação para desmantelar uma quadrilha, o rodízio tira um policial envolvido no caso para colocar outro que entra na operação sem conhecimento do caso. “Essa situação deixa tudo muito complicado. Esse rodizio é imprensado e está sendo imposto de cima para baixo, sem nenhum consulta”. O novo sistema da Sesp deve começar a vigorar ainda em setembro de 2013.
Além dessas complicações, o Gaeco de Guarapuava se ressente com a falta de um delegado. O último na função foi Italo Biancardi Neto que saiu há dois anos para assumir a chefia da 14ª Subdivisão Policial e hoje está na Corregedoria da Polícia Civil. “Depois disso não tivemos substituto”, diz o promotor.