*Reportagem com vídeo
Uma luta insana entre a vida e a morte está sendo travada por pacientes graves da covid-19 em Guarapuava. Só quem presencia a dificuldade para respirar que essas pessoas sentem pode, de muito longe, tentar imaginar essa angústia. Trata-se de um cenário dramático, materializado em quatro pacientes que tiveram que ser intubados na Upa do Batel porque não há mais vagas nas unidades de tratamentos intensivos dos hospitais da cidade.
Ao todo, entre os hospitais Regional (40), São Vicente (4) e Instituto Virmond (13), Guarapuava tem 57 leitos de UTI e outros 80 leitos de enfermaria para a covid-19 somente no HR. De acordo com a Saúde, todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda na Upa do Batel outros oito pacientes em estado grave aguardam vagas em leitos de UTI e mais seis para enfermaria. Todavia, é preciso falar que o Hospital Regional atende pacientes de outras Regiões do Estado. Mas não são apenas esses os casos. A situação de caos é no Paraná, no Brasil e no mundo.
A DEMANDA É GRANDE
De acordo com a coordenadora da Upa do Batel, Janaína Dias, nesta quarta (12) mais de 50 pessoas aguardavam atendimento na recepção da Unidade de Saúde no início da tarde. Conforme a enfermeira, a estrutura da Upa está dividida entre pacientes positivados e suspeitos. Entretanto, apenas na segunda (10), 150 atendimentos em apenas seis horas marcaram o dia. Desse modo, o secretário municipal de Saúde, Jonilson Pires diz que o sistema de saúde em Guarapuava entrou em colapso.
Contudo, muito mais triste ainda é ouvir o relato de Janaína. Além da exaustão de médicos, enfermeiros e técnicos, o estresse emocional chega ao auge.
A cada momento estamos chorando. Estamos vendo pessoas agonizando e morrendo. Vemos familiares desesperados. Ao mesmo tempo que estamos fazendo procedimentos, gravamos vídeos do paciente para a família. Gravei uma mãe se despedindo do filho de 11 anos que estava chorando na sala de espera. E ela morreu. Em outro procedimento reanimamos a paciente cinco vezes, mas na sexta ela não resistiu.
FAZENDO ATÉ O IMPOSSÍVEL
Para Jonilson Pires, as pessoas não conseguem “nem de longe” imaginar o que é essa doença. “Quando estamos com uma pessoa com comorbidade o médico faz um procedimento para determinada patologia. De repente, tem que mudar porque outra ataca.
É muito difícil. Estamos fazendo o que possível e até o impossível. E ainda estamos sendo cobrados quando a maior parte da culpa é de parte da sociedade que não está nem aí para a doença.
Conforme o prefeito Celso Góes (CDN), para aumentar a equipe da Upa do Batel e em outras unidades, ele vai chamar mais 15 profissionais de enfermagem aprovados em PSS. Destes até 10 irão para a Upa do Batel. “Nos próximos dias estará concluída a reforma da Upa Trianon, e a unidade Batel será exclusiva para a covid-19. Também estamos recebendo mais duas ambulâncias para o Samu e mais cinco respiradores”. Essa notícia foi repassada ao prefeito pela deputada Cristina Silvestri na manhã desta quarta.
Hoje a Upa do Batel atende com nove enfermeiros e 12 médicos atendendo 24h por dia. Todavia, alguns servidores estão afastado por causa da doença. Conforme o prefeito, o déficit de médicos na saúde pública de Guarapuava é de nove profissionais. “Do último PSS que fizemos, apenas dois médicos assumiram. São poucos os médicos que desejam trabalhar no interior”.
MEDIDAS
Desse modo, mais uma vez o prefeito Celso Góes disse que tomará medidas para conter o vírus. Assim um novo decreto será divulgado na noite desta quarta (12). Uma das medidas será reduzir o horário de abertura dos bares e restaurante das 23h para 22h, entre outras medidas.
Entretanto, a responsabilidade pela propagação da doença cabe parte à sociedade. “Não aglomerem, usem máscara, álcool gel. Compareçam para tomar a vacina. Nos ajudem a conter esse vírus. Estamos cansados de perder vidas. Não queremos perder mais nenhuma”.
*Por fim, assista abaixo imagens exclusivas feitas pelo Portal RSN nesta quarta (12) dentro da Upa do Batel. Acompanhe também entrevistas com a enfermeira coordenadora da Upa, Janaína Dias, com o secretário de Saúde, Jonilson Pires e com o prefeito Celso Góes.
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