22/08/2023
Paraná Segurança

Ruralista ‘pega’ 14,3 anos de prisão pela morte de camponês

O fazendeiro Marcos Prochet presidiu a União Democrática Ruralista (UDR) do Paraná e está condenado após se passarem 23 anos do crime

Marcos Prochet (1)

O fazendeiro Marcos Prochet, ex-presidente da UDR no Paraná (Foto: Joka Madruga/TerraLivrePress.com)

Após 23 anos  o ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR) do Paraná Marcos Prochet volta ao banco dos réus na tarde desta quinta (24), em Curitiba. De acordo com informações, o júri popular reconheceu Prochet como autor do disparo que matou o camponês Sebastião Camargo, em1998.  Por isso, o Conselho de Sentença o condenou a 14 anos e três meses de prisão. Entretanto, o ruralista poderá recorrer em liberdade.

Conforme o Movimento, a condenação é a terceira feita por júri popular contra Prochet. Outros júris de mesmo julgamento ocorreram em 2013 e 2016. No entanto, o Tribunal de Justiça do Paraná anulou as duas condenações. Com mais de 23 anos do assassinato do trabalhador, o processo é marcado pela lentidão do sistema de justiça. Isso porque, recorrem de  adiamentos do julgamento e violação da decisão soberana do júri popular.

O camponês Sebastião Camargo (Foto cedida pela família do agricultor)

Conforme o caso, Sebastião Camargo foi morto aos 65 anos, com um tiro na cabeça. O crime ocorreu no dia 7 de fevereiro de 1998, durante um despejo ilegal em um acampamento do MST. A área, que hoje leva o nome de Sebastião, fica na Fazenda Boa Sorte, em Marilena, Noroeste do Paraná. Na área residiam 300 famílias. Além do assassinato de Camargo, 17 pessoas, inclusive crianças, ficaram feridas na ocasião.

“NINGUÉM ME CONTOU, EU VI”

A camponesa Antônia França, a principal testemunha do crime, estava deitada ao lado de Sebastião quando houve a execução. Ao relatar durante o júri, a trabalhadora resgatou lembranças daquele dia. “Chegou um caminhão cheio de jagunço, tudo armado, foram pegando as pessoas, nos barraquinhos e foram levando para o portão. Onde a gente olhava tinha gente encapuzada, de preto, tinha bastante gente, um caminhão cheio”. Antônia participou do júri de modo remoto, e já havia participado dos dois anteriores de forma presencial.

De acordo com a testemunha, não houve resistência à ação da milícia por parte das famílias acampadas. “Ninguém atirou, a gente estava tudo desarmado. Seu Sebastião não andava armado”. Assim como outros trabalhadores do acampamento, Antonia teve que deitar no chão de barriga para baixo.

“Eu estava do lado do Sebastião, deitada. Quando saiu o tiro, aí que eu olhei para cima. O tiro foi pertinho dele, estava uns dois, três metros”. Após o disparo, a camponesa foi atingida por pólvora e vestígios do ferimento que matou Sebastião Camargo. Os vestígios de pólvora no corpo da camponesa foram atestados em perícia.

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Cristina Esteche

Jornalista

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