Do site da Veja
Pais de primeira viagem passam por muitos desafios e um deles é determinar quando o bebê está pronto para dormir sozinho, por exemplo. A Academia Americana de Pediatria sugere que os pais durmam no mesmo quarto que os filhos durante o primeiro ano de vida ou por pelo menos seis meses. No entanto, pode ser difícil fazer com que a criança se adapte a um novo ambiente depois de um longo período, prejudicando o sono dos pais e do próprio bebê.
Segundo estudo publicado recentemente no periódico científico Pediatrics, bebês que começaram a dormir em quartos próprios antes de completarem quatro meses, dormem, em média, 40 minutos mais do que bebês que continuaram no quarto dos pais até os nove meses de idade. Já os bebês que passaram a dormir sozinhos depois dos quatro meses, dormiam 26 minutos mais.
Os efeitos parecem prolongar conforme o crescimento da criança. Aquelas que dormiram com os pais até completarem um ano de idade, aos dois anos e meio de vida ainda dormem menos do que as outras que mudaram de quarto mais cedo.
O MOMENTO IDEAL
“Dependendo da decisão dos pais logo no primeiro ano, ela pode gerar consequências a longo-prazo”, disse Ian Paul, professor de pediatria e saúde pública na Faculdade de Medicina Penn State, nos Estados Unidos, e líder da equipe de pesquisa, ao site da revista americana Time.
Os resultados indicam que as diretrizes americanas, que sugerem que os bebês durmam com seus pais durante um ano inteiro, podem prolongar-se por mais do que o necessário. As recomendações baseiam-se em diferentes razões, tanto a necessidade de recém-nascidos se alimentarem durante a noite quanto por questões de segurança.
Então, qual a melhor opção? De acordo com Paul, quando a criança tiver por volta dos seis meses de idade, os pais devem conversar com o pediatra e decidir o melhor momento. Os especialistas devem lembrar aos pais que decidirem transferir o berço para outro quarto simples regras de segurança, como remover almofadas, cobertores ou brinquedos que possam sufocar o bebê.
Para os pais que se recusam a adotar quartos diferentes após os seis meses de idade do bebê, é importante mostrar que os dados não sustentam essa decisão, já que o risco de morte por morte súbita infantil, principal medo dos pais, declina após essa idade. “Devido a uma variedade de razões, a recomendação não faz sentido quando você considera todas as consequências adversas que ocorrem quando nem o bebê nem os pais dormem bem. Não faz bem para a criança, nem para a família.”, afirmou Paul.
A PESQUISA
O estudo procurou analisar os efeitos da rotina do sono em crianças pequenas. A equipe de pesquisa recrutou 249 famílias com primogênitos recém-nascidos e visitaram suas casas ao longo do crescimento dos bebês, quando tinham um, quatro, seis e nove meses de idade. Durante as visitas, os pesquisadores perguntaram detalhes acerca dos hábitos de sono das crianças, onde dormiam, por quanto tempo e quantas vezes acordavam durante a noite.
SÍNDROME DE MORTE SÚBITA INFANTIL
A Síndrome de morte súbita infantil, quando ocorre a morte inesperada e por razões desconhecidas de bebês, geralmente acontece durante o sono e o risco é maior em crianças menores de seis meses. No Brasil, a incidência da síndrome é baixa, afeta de 5 a 10 em cada 10.000 crianças nascidas. Ao dormir no mesmo cômodo que seus bebês, os pais podem melhor monitorá-los e perceber mudanças na respiração. No entanto, a melhor forma de prevenção é evitar que o bebê durma de bruços, priorizar a posição de barriga para cima.
O risco diminui depois dos seis meses de idade e outros fatores precisam ser levados em conta, segundo Paul. “Estudos que fizemos sobre a síndrome durante a pesquisa não mostraram diferenças entre os bebês que compartilhavam quarto com os pais e os que tinham quartos independentes, uma vez que tinham quatro meses de vida completos.” Esperar demais para mudar a criança para seu próprio quarto pode aumentar a ansiedade sobre o sono e interrompê-lo ainda mais. De acordo com o especialista, manter o bebê próximo dos pais o tempo todo pode aumentar as chances de acidentes, visto que muitas vezes os pais colocam os filhos na própria cama para tranquilizá-los.
A Academia Americana de Pediatria diz que são necessários mais dados sobre o tema, mas que, por enquanto, as orientações continuam as mesmas. Eles apontam que, no estudo, até mesmo os bebês cujo sono foi reduzido compartilhando o quarto com seus pais dormiram dentro dos limites normais e não foram considerados privados de sono. Segundo a instituição, mais estudos também são necessários para descobrir se longos períodos de sono ininterrupto para bebês é realmente algo saudável.