Confesso que, por mais que tente, não consigo entender certas coisas. Que a Cadeia Pública de Guarapuava é um estopim que solta faíscas a cada momento, podendo acabar numa explosão, todos sabem: os delegados, os policiais, a sociedade, as lideranças políticas e comunitárias, o governo – que é o responsável pela segurança pública.
Que há superlotação, que as estruturas física e administrativa da carceragem são vulneráveis, que as tentativas de fugas estão cada vez mais frequentes, amedrontam moradores vizinhos, também todos sabem. E que o é ainda mais grave: que as pessoas correm riscos, que policiais estão estressados – e sem atendimento psicológico – , aí já não sei se todos sabem.
Mas o que chama ainda mais a minha atenção é que não há indícios sequer de operações “pente fino” logo após as tentativas de fuga, pelo menos. Os presos serram grades, portões de ferro; atualizam perfis nas redes sociais; zombam da cara de todos, numa demonstração óbvia de que possuem ferramentas, aparelhos celulares e outros produtos que poderiam estar em qualquer lugar, menos em uma cadeia.
Questionar como esses objetos “entram” nas celas, é cair no lugar comum. Maneiras existem e são várias. O que inexiste é a fiscalização e não por culpa dos policiais, mas por vício do sistema carcerário que não possui aparelhamento necessário. E aí estão incluídas muitas coisas, mais complexas do que se imagina. Aliás, até imaginamos.
Que todos somos reféns da insegurança, também sabemos. Estamos inseguros econômica e politicamente; estamos fragilizados na segurança alimentar. A democracia brasileira está sendo golpeada. Como se vê, estamos sendo reféns de interesses [ou falta] políticos numa nação livre. E quanto a segurança pública em Guarapuava, salve-se quem puder!