22/08/2023

Saúde, um prato requentado

A saúde vai ser um dos grandes temas das eleições do ano que vem em Guarapuava. O embate promete se aquecer de três itens em especial: a construção do Hospital Regional, Centro de Especialidades e a implantação do curso de Medicina. Surge como um prato requentado, meio sem gosto, resto do que já foi servido para a população nas eleições municipais do ano passado. Questões, aliás, levantadas e aprofundadas já em 2010.

A proposta de lei orçamentária, na Assembleia Legislativa do Paraná, prevê a destinação de R$ 20 milhões para o Hospital Regional e R$ 7 milhões para o Centro de Especialidades, dinheiro das contas do governo Estado que perpassa por todo o sistema burocrático estatal – da efetiva confirmação dos recursos no Orçamento, a decisão política de fazer a obra, abertura do certame licitatório, até se iniciar e terminar o projeto. Em sã consciência, num ano eleitoral, é uma quimera imaginar que projetos de grande envergadura (como Guarapuava precisa) estarão concluídos antes do prazo final permitido pela legislação eleitoral. É fim de feira.

Igual risco vale para o curso de Medicina. Como é uma ação que vai demandar apoio do governo federal, a decisão fica submissa ao sabor das eleições presidenciais. Dilma vai explorar à exaustão o programa “Mais Médico”. A oposição tentará desqualificar o que foi feito. Em Guarapuava, a implantação do curso movimentará a sociedade novamente, os benefícios com novos médicos, a população vivendo a sensação de que seu problema será resolvido, entrará em discussão qual das faculdades irá sediar o futuro curso, como se tudo estivesse resolvido. E o futuro, mais do que nunca, a Deus pertence.

Ano eleitoral deveria ser a hora de prestar contas e projetar realizações em cima de fatos palpáveis. Os políticos fazem o jogo da projeção mental, vendendo a doce ilusão do homem das cavernas, do vir a ser, considerando-se que antes nunca foi. A sobremesa desse cardápio vem como um doce amargo, das doenças, filas, mortes, hospitais capengando, postos de saúde virando quinquilharia, os altos e vergonhosos índices da miséria.

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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