A expectativa em torno do novo decreto movimenta setores produtivos e de saúde em Guarapuava. Se de um lado, representantes do comércio se reúnem em grupos de WhatsApp e redes sociais contrários ao possível fechamento. De outro, especialistas na área da saúde defendem que apenas o bloqueio de atividades podem conter o aumento gradativo de números da covid-19.
De acordo com o vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Guarapuava (Acig), Claudinei Pereira, a entidade se mostra contra o fechamento do comércio. “O comércio não é o responsável pela crise no setor hospitalar. Sabemos que os problemas são grandes, mas há outras medidas que não precisam penalizar ainda os comerciantes”. De acordo com Claudinei, as empresas “estão desesperadas” com grande problema financeiro. “Daqui alguns dias vamos enfrentar grave problema de desemprego. O setor de eventos, por exemplo, está parado há um ano e meio. Há profissionais passando necessidades”.
Conforme o empresário, a ACIG perdeu a representatividade perante o Poder Público. “Não estamos sendo convidados para a tomada de decisões. Defendemos a criação de um comitê de urgência para que todos sentem à mesa e debatam as melhores soluções para o município”. Assim, uma das saídas, segundo Claudinei, seria o escalonamento dos serviços e comércio, num rodízio de funcionamento.
Entretanto, ele diz que a entidade está sendo muito cobrada pelos 900 associados. “Estamos sendo cobrados com afirmações de que estamos passivos. De que algumas pessoas estão vendendo de manhã para comer à tarde. Portanto, fechar por 15 dias será o caos. Vai haver quebradeira geral”.
Todavia, nesse domingo (16), o presidente do Sindicato do Comércio Varejista Abraão Melhem se mostrou favorável ao fechamento do comércio em Guarapuava.
COBRANÇA
De acordo com Claudinei Pereira, a Prefeitura recebeu dinheiro do Governo Federal para a covid-19. “Vamos ter atitude porque a cidade teve tempo e condições de se preparar. Queremos saber onde e em que foi empregado esse dinheiro. Por que há tendas alugadas se há locais públicos que poderiam estar sendo aproveitados? Por que a testagem está sendo muito pouca? Vamos buscar essas respostas”.
Entretanto, outra preocupação, segundo o empresário, se refere ao tratamento precoce. “Por que não está sendo disponibilizado dinheiro para o tratamento precoce? Tantas cidades fizeram isso e reduziram os números? Sabemos que o nosso sistema de saúde, tanto público quanto particular, já era deficitário. E, que agora a situação se agravou”.
Todavia, Claudinei volta a destacar a gravidade do setor do comércio. “Tem gente que não tem dinheiro para pagar a conta de luza da casa. E, quebrar agora significa dois anos para se reerguer”.
A Associação Comercial do Paraná (ACP) também se posicionou sobre esse risco. Assim, a entidade apela para que não seja tomada a decisão de fechar tudo, como ocorreu na bandeira vermelha de março e abril, em Curitiba.
Em ofício reencaminhado ao secretário da Saúde, Beto Preto, a Federação das Associações Comerciais do Paraná (Faciap) explica os motivos pelos quais também é contra o lockdown e sugere medidas de enfrentamento.
De acordo com o presidente da entidade, Fernando Moraes, medidas drásticas, como o Lockdown, terá um efeito avassalador na economia. “Vai gerar ainda mais desemprego e reduzir a renda das famílias. E o setor produtivo precisa continuar funcionando”. Conforme Moraes, o setor produtivo vem trabalhando com responsabilidade, segurança e não é foco de contaminação.