22/08/2023
Saúde

“Se não houver reação política, o próximo a fechar é o Santa Tereza”

"Quando cheguei em Guarapuava em 2006, Guarapuava possuía quatro hospitais e um já tinha fechado as portas. Nos últimos dias fomos surpreendidos com o fechamento do Estrela de Belém e, se persistir a situação, o próximo a encerrar as atividades é o nosso". O anúncio foi feito à RSN pela administradora do Hospital Santa Tereza, Mariza Ferracin.
"Tem que haver um olhar das autoridades a respeito disso. Já fomos surpreendidos com o fechamento do Estrela de Belém da noite para o dia e a nossa situação é atípica", observa.

Considerado um dos mais tradicionais e o maior hospital privado de Guarapuava e região, é essa característica que impede o Santa Tereza de receber recursos oficiais. Outro agravante é a carga tributária que incide sobre o hospital.

"Existe uma hierarquia para esse repasse de verbas. Em primeiro lugar a prioridade é para o Estado, seguido pelo filantrópico e na base desse tripé está o privado. Muitas vezes isso impede da inclusão em programas e na melhoria de equipamentos", afirma.

Para fazer frente a essa situação e sanar todos os problemas, a diretoria do Hispital Santa Tereza já deu o primeiro passo para concluir a transformação em associação. A Câmara de Guarapuava já aprovou a Associação Frederico Guilherme Keche Virmond em utilidade pública municipal e a Assembleia Legislativa do Paraná tambem reconheceu a entidade como utilidade pública estadual. O que falta agora é o trâmite burocrático tributário, mas "vamos entrar no Refis (Programa de Recuperação Fiscal)" e no Ministério do Trabalho. "Será necessário migrar os funcionários para a nova identidade jurídica", esclarece a administradora.

Com 250 leitos, outros 20 leitos em unidades de terapia intensiva (UTI) para adultos, pediatria e neo-natal, dos quais desse total, 180 atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), o Santa Tereza, abriga 345 colaboradores, entre os quais, um corpo clínico composto por até 180 médicos.

Nas últimas semanas, o Santa Tereza enfrenta um novo probelam que é demanda de atendimento provocada pelo fechamento do Estrela de Belém. A área mai concorrida está a obstetrícia que teve um aumento de 30% na demanda de pacientes,

"Isso já está acontecendo há semanas pela situação de fragilidade que o Hospital Estrela de Belém já estava enfrentando. "As pacientes começaram a migrar para o nosso hospital", observa Mariza.

CONTRA-PROPOSTA PARA O SAS

Responsável pelo atendimento aos conveniados com o Sistema de Atendimento à Saúde (SAS) durante seis anos, o Hospital Santa Tereza, ficou sem essa receita da noite para o dia.

"O esquema de atendimento que tínahmos montado foi desmanchado e tivemos que nos reestruturar para honrar com nosso compromissos financeiros sem essa receita que já estava prevista. Num prazo de dois anos conseguimos sanear a situação, abrindo novas frentes", diz Mariza Ferracini.

Para voltar a atender a demanda do SAS, a administração do Santa Tereza, reuniu-se com os representantes do plano de saúde, ontem, terça-feira (30) e apresentaram uma Carta de Interesses. Por enquanto, uma coisa é cetta: o valor proposto pelo SAS de R$ 18,80 per capita é inviável.

"O nosso financeiro está fazendo todos os levantamentos, estimando gastos e receitas e então apresentaremos uma contraproposta, porque o valor oferecido pelo SAS é inviável", afirma a administradora.

Cristina Esteche

Jornalista

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