22/08/2023
Segurança

Secretário de Segurança foge dos questionamentos da Oposição

Curitiba – A audiência pública na Assembleia Legislativa que contou com a presença do Secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, não trouxe grandes avanços para melhorar a situação de insegurança que assola o estado.
O líder da bancada, deputado Élio Rusch (DEM), lamentou que muitos dos questionamentos feitos pelos parlamentares não foram respondidos.
“O secretário pintou um quadro que parece não haver problema no Paraná. Ele não vê o que acontece no dia-a-dia. Crime não é só assassinato. Tem roubos, furtos e assaltos que fazem com que a população não se sinta segura em andar nas ruas”, apontou.
O deputado acredita que a falta de efetivo tem sido o fator crucial para a sensação de insegurança que toma conta da população. Há uma defasagem de mais de quatro mil policiais em relação à lei que define o efetivo da Polícia Militar.
“O que ficou comprovado é que o número do efetivo da PM é menor do que o efetivo de 2003, quando este governo assumiu a administração, e também em relação a lei que define o efetivo que fixou em 21.624 policiais. O secretário afirmou que o Paraná possui aproximadamente 17 mil policiais militares”, relatou Rusch lembrando que em 2002 o efetivo era em torno de 18 mil policiais para uma população que não atingia 10 milhões de habitantes. Hoje segundo estimativas do IBGE a população do Paraná se aproxima de 11 milhões.
Rusch destacou ainda que o suposto aumento no investimento da área da Segurança Pública não condiz com os investimentos realizados pelos outros estados.
“Considerando o investimento por habitante, o Paraná ocupa a 22ª posição segundo dados do Ministério da Justiça. É vergonhosa essa classificação. O secretário ainda atesta que o estado é um dos que mais investe na área”, lamentou o deputado que ficou sem resposta pela vergonhosa classificação do Paraná nos investimentos.
Segundo o deputado o secretário tem que parar com o discurso de que o Paraná tem o maior investimento, a melhor segurança pública do país e agir para que soluções sejam encontradas para mudar o quadro dramático que vemos hoje.
“O problema de segurança só se resolve com ação e não com discurso. Tem que buscar alternativas para que as Polícias possam fazer seus trabalhos. Acabar com o desvio de função de policiais que, ao invés de estarem nas ruas coibindo ou investigando crimes, estão cuidado de presos em carceragens superlotadas”, disse. “Espero que a partir de agora ele passe a agir para aumentar a segurança do Paraná”.

Demissão
O deputado Valdir Rossoni (PSDB) inconformado com a situação de insegurança no estado chegou a sugerir que o secretário pedisse demissão.
“Quando um time de futebol está perdendo, troca-se o técnico e nota-se a melhora da equipe nos jogos seguintes. O secretário tem que ter uma atitude de estadista. Se afastar da Secretaria e deixar que outra pessoa assuma para mostrar que há condições de conduzir a segurança do Paraná com competência”.
Quando questionado sobre a situação dramática que se encontram os Institutos Médicos Legais (IML) o secretário deixou os parlamentares e a população do Paraná sem resposta.
“Não respondeu quando perguntei sobre os IMLs. Não saio nenhum pouco satisfeito desta audiência. Infelizmente ela não irá surtir os efeitos esperados, que era o de buscar soluções para a segurança do Paraná”.

Salários
O deputado Mauro Moraes (PSDB) que presidiu a Comissão de Segurança da Assembleia mostrou preocupação com a diminuição dos recursos na área de segurança para o próximo ano.
Segundo Moraes haverá uma redução de R$ 80 milhões nos investimentos da pasta para a segurança e quase R$ 200 milhões de redução nos gastos com salários.
“O secretário disse que irá contratar mais 2,5 mil policiais. Como isso será possível se haverá redução nos gastos com pessoal?”, questionou.
O deputado também deixou de responder para a sociedade quantos são os policiais, civil e militar, que estão em desvio de função.
“Existem muitos policiais que são responsáveis por fazer a segurança de consulados, do Tribunal de Justiça, Ministério Público entre outros setores. São menos policiais a disposição da população. Infelizmente o secretário fugiu deste questionamento”.

Falta policial nas ruas
O deputado Reni Pereira (PSB) questionou o secretário sobre como é possível apresentar números positivos de altos investimentos, diminuição da criminalidade, aumento de apreensão de drogas quando na verdade a população não vê esses resultados.
“Onde é que este governo está errando?”, questionou. “O que falta é o básico. Policiais nas ruas. Hoje os paranaenses não tem essa sensação de segurança. Olha para os lados e não vê a presença do Estado. Está claro que falta contingente”, declarou.
Segundo Reni as ações executadas pelo governo não tem surtido o efeito esperado para a população.
“O serviço de inteligência da Secretaria responsável pelo processamento dos crimes não surte o efeito destacado pelo secretário. Não estamos aqui para achar culpados e sim soluções. Não adianta o secretário ser elogiado pelo Ministro da Justiça, ele tem que ser elogiado pela população do Paraná”.
Pereira questionou ainda a falta de efetivo no Corpo de Bombeiro na cidade de Foz do Iguaçu.
“São 96 bombeiros para uma cidade de mais de 325 mil habitantes. Destes 36 estão a disposição da Infraero para cuidar do aeroporto. Sobram apenas 60 para atender a população. Espero que não ocorra uma tragédia na cidade, porque se isso acontecer não haverá bombeiros e estruturas suficientes para atender a população”.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.