Curitiba – A audiência pública na Assembleia Legislativa que contou com a presença do Secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, não trouxe grandes avanços para melhorar a situação de insegurança que assola o estado.
O líder da bancada, deputado Élio Rusch (DEM), lamentou que muitos dos questionamentos feitos pelos parlamentares não foram respondidos.
O secretário pintou um quadro que parece não haver problema no Paraná. Ele não vê o que acontece no dia-a-dia. Crime não é só assassinato. Tem roubos, furtos e assaltos que fazem com que a população não se sinta segura em andar nas ruas, apontou.
O deputado acredita que a falta de efetivo tem sido o fator crucial para a sensação de insegurança que toma conta da população. Há uma defasagem de mais de quatro mil policiais em relação à lei que define o efetivo da Polícia Militar.
O que ficou comprovado é que o número do efetivo da PM é menor do que o efetivo de 2003, quando este governo assumiu a administração, e também em relação a lei que define o efetivo que fixou em 21.624 policiais. O secretário afirmou que o Paraná possui aproximadamente 17 mil policiais militares, relatou Rusch lembrando que em 2002 o efetivo era em torno de 18 mil policiais para uma população que não atingia 10 milhões de habitantes. Hoje segundo estimativas do IBGE a população do Paraná se aproxima de 11 milhões.
Rusch destacou ainda que o suposto aumento no investimento da área da Segurança Pública não condiz com os investimentos realizados pelos outros estados.
Considerando o investimento por habitante, o Paraná ocupa a 22ª posição segundo dados do Ministério da Justiça. É vergonhosa essa classificação. O secretário ainda atesta que o estado é um dos que mais investe na área, lamentou o deputado que ficou sem resposta pela vergonhosa classificação do Paraná nos investimentos.
Segundo o deputado o secretário tem que parar com o discurso de que o Paraná tem o maior investimento, a melhor segurança pública do país e agir para que soluções sejam encontradas para mudar o quadro dramático que vemos hoje.
O problema de segurança só se resolve com ação e não com discurso. Tem que buscar alternativas para que as Polícias possam fazer seus trabalhos. Acabar com o desvio de função de policiais que, ao invés de estarem nas ruas coibindo ou investigando crimes, estão cuidado de presos em carceragens superlotadas, disse. Espero que a partir de agora ele passe a agir para aumentar a segurança do Paraná.
Demissão
O deputado Valdir Rossoni (PSDB) inconformado com a situação de insegurança no estado chegou a sugerir que o secretário pedisse demissão.
Quando um time de futebol está perdendo, troca-se o técnico e nota-se a melhora da equipe nos jogos seguintes. O secretário tem que ter uma atitude de estadista. Se afastar da Secretaria e deixar que outra pessoa assuma para mostrar que há condições de conduzir a segurança do Paraná com competência.
Quando questionado sobre a situação dramática que se encontram os Institutos Médicos Legais (IML) o secretário deixou os parlamentares e a população do Paraná sem resposta.
Não respondeu quando perguntei sobre os IMLs. Não saio nenhum pouco satisfeito desta audiência. Infelizmente ela não irá surtir os efeitos esperados, que era o de buscar soluções para a segurança do Paraná.
Salários
O deputado Mauro Moraes (PSDB) que presidiu a Comissão de Segurança da Assembleia mostrou preocupação com a diminuição dos recursos na área de segurança para o próximo ano.
Segundo Moraes haverá uma redução de R$ 80 milhões nos investimentos da pasta para a segurança e quase R$ 200 milhões de redução nos gastos com salários.
O secretário disse que irá contratar mais 2,5 mil policiais. Como isso será possível se haverá redução nos gastos com pessoal?, questionou.
O deputado também deixou de responder para a sociedade quantos são os policiais, civil e militar, que estão em desvio de função.
Existem muitos policiais que são responsáveis por fazer a segurança de consulados, do Tribunal de Justiça, Ministério Público entre outros setores. São menos policiais a disposição da população. Infelizmente o secretário fugiu deste questionamento.
Falta policial nas ruas
O deputado Reni Pereira (PSB) questionou o secretário sobre como é possível apresentar números positivos de altos investimentos, diminuição da criminalidade, aumento de apreensão de drogas quando na verdade a população não vê esses resultados.
Onde é que este governo está errando?, questionou. O que falta é o básico. Policiais nas ruas. Hoje os paranaenses não tem essa sensação de segurança. Olha para os lados e não vê a presença do Estado. Está claro que falta contingente, declarou.
Segundo Reni as ações executadas pelo governo não tem surtido o efeito esperado para a população.
O serviço de inteligência da Secretaria responsável pelo processamento dos crimes não surte o efeito destacado pelo secretário. Não estamos aqui para achar culpados e sim soluções. Não adianta o secretário ser elogiado pelo Ministro da Justiça, ele tem que ser elogiado pela população do Paraná.
Pereira questionou ainda a falta de efetivo no Corpo de Bombeiro na cidade de Foz do Iguaçu.
São 96 bombeiros para uma cidade de mais de 325 mil habitantes. Destes 36 estão a disposição da Infraero para cuidar do aeroporto. Sobram apenas 60 para atender a população. Espero que não ocorra uma tragédia na cidade, porque se isso acontecer não haverá bombeiros e estruturas suficientes para atender a população.