22/08/2023
Saúde

Secretários de Saúde querem humanização no atendimento e mais leitos

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* Por Cristina Esteche

No município de Goioxim, um paciente sofre de trombose e familiares pedem auxílio à Secretaria Municipal de Saúde. Porém, no município não existe hospital  e é preciso recorrer a atendimento em Guarapuava e a referência do município é o Hospital Santa Tereza. O internamento, entretanto, vem com a indicação de vaga 0, ou seja, não está inscrito na Central de Leitos, que é a responsável pela indicação de onde o paciente será internado. A vaga 0 é porque os leitos disponibilizados nos hospitais já estão ocupados.

Já em Guarapuava, a ambulância fica com o paciente durante sete horas, de um hospital para o outro, sem que este seja atendido. Horas depois, após ser encaminhado para a Urgência Municipal, se consegue uma vaga no São Vicente, onde o homem tem que amputar a perna comprometida, não resiste e morre no dia seguinte. “Até hoje a família questiona se o pai de família  estaria vivo se tivesse sido atendido imediatamente. Era uma pessoa jovem, com  48 anos”, diz a secretária municipal de Saúde Vilma  Dolla.

O caso é apenas mais que se repete frequentemente pela falta de leitos não só nos dois hospitais de Guarapuava, mas em outros da região. De acordo com a chefe da 5ª Regional de Saúde, Eliane Dranca, hoje, os leitos de UTI estão assims distribuídos: o São Vicente possui 10 leitos para adultos e sete neonatais; no Santa Tereza são nove leitos SUS para adultos; quatro pediátricos; e seis neonatais. Em Laranjeiras do Sul os 10 leitos de UTI recentemente inaugurados foram fechados pela falta de médico intensivista. (Veja abaixo tabela completa de leitos disponíveis na área de ação da 5ª Regional)

O drama relatado por Vilma é apenas um dos casos que envolvem diariamente as secretarias municipais de Saúde de municípios de pequeno porte, em especial, aqueles que não possuem unidades hospitalares.

“Os hospitais não tem culpa se faltam leitos para atender a demanda. Nós fazemos o que é possível para atender os pacientes, mas há lotação,  não podemos fazer nada. Como vamos dar alta para um e receber outro”, questiona o provedor do Hospital São Vicente de Guarapuava Rui Primak.

Para debater esse e outros gargalos do setor como, por exemplo, a humanização do atendimento, secretários municipais de 20 municípios da 5ª Regional de Saúde reuniram-se em Guarapuava nessa quinta (26), no encontro do Cresemes (Conselho  Regional de Secretários Municipais).

A falta de detalhes que retratem a gravidade ou não do paciente na ficha de entrada nos hospitais também é um dos problemas enfrentados pelos secretários municipais. “É preciso detalhar e destacar a gravidade do caso para que haja urgência no atendimento”, pedem os secretários.

“Vamos buscar uma solução em conjunto e para isso convidamos o provedor do Hospital São Vicente, Rui Primak, como vamos convidar os diretores do Santa Tereza e de outros hospitais da região”, disse o presidente do Conselho, Gustavo de Cesaro, de Prudentópolis.

LEITOS

CANDÓI              

Instituto Saúde Santa Clara – 43 leitos (39 SUS)

– 2 leitos cirúrgicos

– 41 leitos clínicos

 CANTAGALO      

Hospital Santo Antonio – 53 leitos (46 SUS)

– 3 leitos cirúrgicos

– 50 leitos clínicos

 GUARAPUAVA    

 Hospital de Caridade São Vicente de Paulo – 166 (121 SUS)

– 64 leitos cirúrgicos

– 82 leitos clínicos

– 10 leitos UTI Adulto Tipo II

– 7 leitos UTI Neonatal Tipo II

Instituto Virmond (Santa Tereza) – 238 (175 SUS)

– 45 leitos cirúrgicos

– 102 leitos clínicos

– 11 leitos UTI Adulto Tipo II

– 6 leitos UTI Neonatal Tipo II

– 4 leitos UTI Pediátrica Tipo II

– 70 leitos Psiquiátricos

Hospital Semmelweis – 26 (19 SUS)

– 26 leitos clínicos

LARANJEIRAS DO SUL

Instituto São José – 67 (37 SUS)

– 9 leitos cirúrgicos

– 48 leitos clínicos

– 10 leitos de UTI adulto Tipo II

 Organização São Lucas – 64 (60 SUS)

– 8 leitos cirúrgicos

– 56 leitos clínicos

PINHÃO

Hospital Santa Cruz – 96 (86 SUS)

– 13 leitos cirúrgicos

– 82 leitos clínicos

PITANGA

Hospital São Vicente de Paulo – 91 (81 SUS)

– 24 leitos cirúrgicos

– 67 leitos clínicos

PRUDENTÓPOLIS

Hospital Sagrado Coração de Jesus – 67 (52 SUS)
– 13 leitos cirúrgicos

– 54 leitos clínicos

Hospital Irmandade Santa Casa  – 68 (65 SUS)

– 11 leitos cirúrgicos

– 57 leitos clínicos

TURVO

Hospital Bom Pastor – 53 (49 SUS)

– 2 leitos cirúrgicos

– 51 leitos clínicos

* Fonte: Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), competência 05/2014.

Cristina Esteche

Jornalista

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