22/08/2023
Saúde

Sem asfalto, moradores se “afogam” no pó

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A demanda de pacientes com problemas de alergias, renite e outros problemas respiratórios praticamente dobrou nos últimos dias provocada, principalmente, pela baixa umidade do ar que se verifica em Guarapuava e outros municípios paranaenses.

"A procura dobrou", disse uma funcionária da Unidade de Saúde 24 Horas, sediada no Jardim Pérola do Oeste.

A situação não é diferente nos demais postos de saúde do município e aumenta quanto mais perto está da periferia.

"Temos filas de pessoas, principalmente, idosos e crianças com tosse, bronquite, renite", disse uma funcionária do posto de saúde do Bairro Primavera. Embora as servidoras municipais tenham dado as informações, pediram para sereem identificadas porque "temos ordem para não falar nada. Só a Comunicação é que pode", disse uma delas.

Se o ar seco provoca reações no organismo estas se agravam e penalizam as pessoas que moram em regiões onde não há ruas asfaltadas. Dona Sebastiana de Jesus, 59 anos, é um desses exemplos. Até pouco  tempo morava numa casinha na "invasão" no Bairro Xarquinho. "Fia de Deus. Não aguentei mais. Quando passava carro por lá meu peito parecia que ia explodir de tanta tosse. Minha fia me levou pra morar com ela no Jardim das Américas. Mas aqui não é diferente, não. Essas ruas sem asfalto, esse pó….", reclama.

No outro lado da cidade, no Loteamento Adão Kaminski, a situação não é diferente. Desempregado, "seo" Arlindo da Cruz junta as moedinhas que ganhou vendendo sorvetes pelas ruas da cidade para comprar um xarope para o filho de três anos de idade. "O piá sofre de bronquite e a rouquidão no peito aumentou com esse pó. Estamos aqui abandonados pelo prefeito que agora só pensa em pedir votos. Mas nós vamos dar o troco", avisa enquanto ergue o chapéu que tem na cabeça em sinal de respeito ao Deus da sua fé.

 "Pois é, teve uns candidatos que disseram  que o prefeito ia asfaltar todas as ruas, mas pra nós não chegou nada. A senhora sabe de alguma coisa agora na política?" questiona Sebastião Ferraz, morador da Vila Karen.

Na serra do Jordão, dona Ernestina da Luz, 62 anos, caminha sob o sol escaldante. Vai parando aos poucos e puxa o ar para poder continuar sua caminhada até o mercadinho mais próximo no Bairro Santa Cruz. "Faz tempo que não chove e lá na minha vila não tem asfalto, não tem emprego, não temos nada. O que temos de sobra é  muita poeira e Agora estão fazendo queimada, aí vem aqueles picumans e a gente fica ainda pior", diz.

Para se ter uma ideia, no Paraná, o número de focos de incêndios cresceu 22% em agosto. Do início do mês até o fim de semana foram 948 focos de incêndio em todo o estado, contra os 738 de 2009, segundo a Coordenadoria Estadual da De¬¬fe¬¬sa Civil do estado. No acumulado do ano já foram 5.724, o que re¬¬pre¬¬senta 79,52% dos mais das 7 mil registrados no ano passado. 
Os índices de umidade relativa do ar ficaram abaixo dos 30% em grande parte do estado, com exceção apenas da faixa litorânea e do sul.  Leia artigo referente: www.cristinaesteche.com.br

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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