O sonho da casa própria num dos loteamentos de Guarapuava, o Jardim Moriá, se transformou em pesadelo para cerca das 500 famílias que moram no local que fica atrás da Igreja Santos Anjos, nas proximidades do DETRAN, em Guarapuava.
Sem acesso à rede coletora de esgoto, as famílias convivem com o transbordamento da fossa séptica a cada 15 dias, fato que os coloca como clientes preferenciais, com direito a desconto, de uma empresa que atua na limpeza de fossas.
Criado há cerca de 14 anos por uma imobiliária da cidade, de acordo com moradores, o loteamento não passou de uma propaganda enganosa quando um dos itens contratuais previa o saneamento básico no local.
“Eu moro aqui há 13 anos e fui a sexta moradora do loteamento. Convivo com problema durante todo esse tempo. Eu fiz duas fossas na minha casa e não consigo resolver o problema”, reclama Valdomira Peteroski; “Estamos aqui abandonados. Para levar meus filhos à escola calçava botas sete léguas neles e em mim para chegar ao colégio e trocar de calçados. Nos disseram que moramos numa região alagadiça”, diz.
Cristina Osco Bunhak reside no Jardim Moriá há um ano e meio. Ela é uma de muitas donas-de-casa que moram no local que desembocam na rua a água utilizada na lavanderia e nas pias. “A cada 15 dias temos que mandar esgotar a fossa. Quem é que vence pagar? A empresa cobra entre R$ 80,00 e R$ 120,00 para executar o trabalho.
Para se ter uma noção do problema que vem sendo enfrentado pelos moradores basta dizer que em algumas casas, para que seja possível tomar banho, é preciso tampar o ralo do banheiro com plástico para evitar que o esgoto retorno. “Há casas em que determinados dias não é possível usar o vaso sanitário porque transborda”, comenta Loacir Santana. Ele se mudou para uma casa recém construída há cerca de uma semana e a fossa já está cheia. “Como pode isso?” pergunta. Loacir disse que se o problema não for resolvido, irá organizar a comunidade e promover um “panelaço” onde for necessário.
“Fomos enganados e a nossa situação é lastimável. Já fizemos abaixo-assinados, já fomos na Surg e na Sanepar e nada adiantou”, emenda Catarina Assunção que mora no Jardim Moriá há 14 anos.
Geraldo Ribeiro disse que construiu duas fossas na casa para poder minimizar o problema. “Mas há pessoas que não podem fazer isso e quando chove transborda tudo pelas ruas e a nossas casas fedem”, diz.
REGIÃO ESTÁ CONTEMPLADA NO PLANO
DA SANEPAR, MAS SEM PREVISÃO
O Plano de Investimentos da Sanepar contempla o Jardim Moriá para a implantação de uma rede coletora de esgoto. Apesar disso, não existe nenhuma previsão de quando a obra será iniciada. A informação foi prestada pelo diretor do Escritório Regional em Guarapuava, João Edson de Lima à RSN nesta quinta-feira (13).
De acordo com João Edson, o problema que está afetando as famílias que moram no Jardim Moriá, deve estar condicionado também às condições das fossas sépticas construídas nas residências. “As ligações internas podem não ter sido executadas por profissionais habilitados pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura).
“Pode ser que não tenham sido feitas caixas de gordura e sumidouros, não fossas, que não são suficientes para remover todos os resíduos. Dependendo de como foram feitas essas obras, o material acaba impermeabilizando as paredes do sumidouro e não absorvendo os resíduos”, explica. Segundo João Edson, cada residência é um caso a ser analisado e como as ligações são internas não compete à Sanepar qualquer ação nesse sentido, mas aos proprietários das residências. “Existem soluções que não dependem da implantação da rede coletora de esgoto. Entendemos que esse é um direito dos moradores e que vamos executar, mas ainda não temos a previsão de quando será”, ratifica.