Os últimos dias têm sido de muita violência contra a mulher em Guarapuava e também na região. Na última quarta feira (07), Josélia Rodrigues, 28 anos, foi assassinada na presença de um filho, com apenas quatro anos de idade, pelo próprio companheiro. Na sexta feira (09) no Assentamento Wagner, no interior do Goioxim, a jovem Eliane dos Santos, 22 anos, foi estuprada e morta a pauladas dentro de casa. Seu corpo foi encontrado pelo marido. O suspeito foi preso no último domingo (11).
Nesta terça feira (13), mais uma mulher foi vítima do ex-companheiro, desta vez, no distrito de Palmeirinha. O agressor foi contido, e não conseguiu atingir a ex-esposa com golpes de arma branca. Estes casos se somam a outros ainda sem solução. Na Delegacia de Polícia de Guarapuava tramitam mais de dois mil inquéritos policiais e apenas um escrivão cuida dos casos. A falta de profissionais nos setor é evidente. Na Delegacia da Mulher duas escrivães trabalham nos casos. Porém, a violência contra a mulher é uma questão de saúde pública em todo o país.
NÚMEROS
Um estudo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelou que, ao final do ano passado, uma em cada 100 mulheres brasileiras abriu uma ação judicial por violência doméstica. No levantamento, elaborado pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias da instituição, constatou-se que 1.273.398 processos dessa natureza tramitavam na justiça dos estados. Desse total, 388.263 eram casos novos. Em relação a 2016, o número apresentado foi 16% maior.
Apenas 5% dos processos de agressão doméstica em tramitação tiveram algum tipo de andamento no ano passado. Em relação ao feminicídio, crime considerado hediondo desde 2015, foram 2.795 ações pedindo a condenação de um agressor enquadrado nessa modalidade em 2017, em uma proporção de oito casos novos por dia, ou uma taxa de 2,7 casos a cada 100 mil mulheres. Em 2016, haviam sido registrados 2.904 casos novos de feminicídio.
De acordo com o CNJ, o volume de processos julgados (440.109) foi ampliado em 19% na comparação com 2016. Um dos fatores que motivaram o aumento é o programa Justiça pela Paz em Casa, que consiste em uma força operacional de tribunais estaduais concentrada ao longo de três dias, em que são decididos os destinos de vítimas e autores de crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher. Mais de 800 mil casos (833.289) ainda aguardavam um desfecho no final de 2017.
Segundo o CNJ, desde que o Justiça pela Paz em Casa foi adotado, em março de 2015, até dezembro do ano passado, foram proferidas 111.832 sentenças e concedidos 57.402 pedidos de medida protetiva. Destes, 40,5% (23.271) foram deferidos durante as três semanas da última edição do programa, em novembro.
UMA EM CADA TRÊS PROCURAM O ESTADO
Outra pesquisa, divulgada na semana passada, indica que somente uma em cada três mulheres afirmou ter recorrido a algum equipamento do Estado para enfrentar a violência à que foi submetida. Segundo o levantamento Aprofundando o Olhar sobre o Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, realizado pelo Observatório da Mulher contra a Violência e pelo Instituto de Pesquisa DataSenado, 29% das mulheres consultadas dizem que foram vítimas de violência contra a mulher. Em 2015, o percentual era de 18% das entrevistadas.
O índice, tornado conhecido a cada dois anos desde 2005, sempre foi mantido entre 15% e 19%, e, segundo o DataSenado, essa oscilação ascendente não significa necessariamente um crescimento real dos casos, e sim sinaliza um maior reconhecimento das mulheres de que são vítimas de agressão.
EM GUARAPUAVA
Na última semana, em comemoração ao quinto ano de atividades da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, foram apresentados dois novos projetos, que prometem ser mais uma ferramenta contra a violência e abuso às mulheres. O CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência), são espaços de acolhimento para mulheres em situação de violência, e tem como objetivo proporcionar atendimento psicológico, social e jurídico às mesmas.
O outro lançamento foi o Numape (Núcleo Maria da Penha), um projeto que nasceu na Unicentro dentro do programa Universidade Sem Fronteiras, e que agora terá um espaço físico para atendimento na própria Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres e que proporciona acolhimento e atendimento para mulheres em situação de risco.
A secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Priscila Schran destacou a importância da secretaria e dos projetos lançados. Ela disse que problema da violência contra a mulher foi omitido durante muito tempo mas que agora as mulheres tem com quem contar. “Além da proteção, as mulheres ainda tem atendimentos psicológico, social e jurídico”, disse.