Um dia depois da quinta morte por enforcamento dentro da carceragem da Cadeia Pública de Guarapuava, o Setor de Operações Especiais (SOE), ligado ao Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), fez a transferência de cinco presos condenados para a Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG). A informação foi repassada pela Assessoria de Comunicação do Depen.
De acordo com a assessoria, as transferências são rotineiras e acontecem toda semana, já que a cadeia que deveria abrigar 166 presos provisórios, está superlotada. A assessoria não informou até a publicação desta reportagem, quantos presos estão atualmente na carceragem da cadeia de Guarapuava. Na manhã desta quinta (13), a reportagem do Portal RSN esteve no local e mesmo com a operação de transferência, o movimento externo nas proximidades da 14ª Subdivisão Policial de Guarapuava, que tem a sede compartilhada com a carceragem, era normal.
Há muito tempo, o Portal RSN denuncia com reportagens, a precariedade da cadeia, as mortes, as tentativas de fuga e apreensões de drogas, armas e celulares. No dia 25 de abril, o SOE fez uma Operação Bate-Grade no cadeião, com o objetivo de fazer uma varredura a procura de drogas, celulares, estoques e buracos que facilitem possíveis fugas.
ENFORCAMENTOS EM SÉRIE
Desde o começo deste ano, a cadeia tem sido palco de uma série de mortes por enforcamento. Já são cinco com ocorrida ontem (12), quando mais um preso foi encontrado enforcado às 7h em uma das celas. Bruno da Silva Ribas, de 21 anos, foi preso em flagrante no dia 27 de maio por furto simples. Ele foi encontrado morto por agentes carcerários durante o café da manhã.
De acordo com a Assessoria de Comunicação do Departamento Penitenciário (Depen), “um procedimento administrativo e um inquérito policial serão abertos para apurar o caso”. Essa é a quinta morte por enforcamento dentro da carceragem da cadeia este ano, e a sexta em Guarapuava pelo mesmo método, já que um dos enforcamentos ocorreu na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG).
As mortes por enforcamento na cadeia, chamaram a atenção do Conselho da Comunidade em Guarapuava. De acordo com o vice-presidente, o empresário Flavio Sichelero, os enforcamentos “são execuções” sob o comando do Primeiro Comando da Capital (PCC). “Na cadeia de Guarapuava existem mais de 40 faccionados do PCC que para mostrar poder e colocar medo nos demais matam quem não aderiu à facção, possui alguma ‘treta’ com o PCC ou é de outra facção”.
Para conter essa onda de “execuções”, Sichelero está cobrando uma ação de lideranças políticas junto ao Departamento Penitenciário do Paraná (Depen). “A situação é grave e sabemos que já existe outro jurado de morte que pode aparecer enforcado até o fim desta semana”.
A última morte na carceragem foi no dia 23 de maio. Jaison Donisete Gonçalves, que tinha 36 anos. No dia 28 de abril, Valderi Antonio Moraes Knopik, de 30 anos, também foi encontrado enforcado numa das celas da cadeia. Quatro dias antes, no dia 25 de abril, também numa das celas, mas desta vez na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG), Leonardo Martinelli de 26 anos foi encontrado pendurado por um lençol.
A primeira morte deste ano na cadeia foi no dia 7 de março. Crisley Junior Vaz de 23 anos foi encontrado enforcado. No dia 24 de março, ocorreu a segunda morte no cadeião. Samuel da Cruz Wass, 23 anos, também morreu enforcado em uma das celas.