22/08/2023
Economia

Shopping melhora economia dos municípios, aponta Associação Brasileira

Para traçar um diagnóstico de viabilidade econômica sobre as possibilidades de instalação de mais de um shopping center em Guarapuava, a Rede Sul de Notícias procurou a Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE), que no mês de julho realizou uma ampla pesquisa sobre as melhorias na economia e no setor social que os empreendimentos geram nos municípios onde são instalados.

 

O levantamento da Abrasce teve como objetivo analisar o impacto socioeconômico gerado numa determinada cidade a partir da chegada de um novo shopping center. A Associação encomendou um estudo realizado em 20 municípios entre 90 mil e um milhão de habitantes que tiveram shoppings centers inaugurados entre 2007 e 2011.

Os resultados obtidos foram comparados com outros 20 municípios que não possuíam shopping, mas com localização geográfica próxima, renda familiar, população e PIB aproximados das cidades com shopping. Desta forma, foi realizada análise evolutiva de diversos indicadores socioeconômicos no período de dois anos antes e dois anos após a inauguração dos shoppings.

O levantamento aponta que, em muitos casos, o crescimento econômico de um município está diretamente relacionado com o desenvolvimento de uma atividade econômica, como a instalação de uma grande empresa, indústria ou centro comercial. Os impactos causados em determinado município vão muito além dos empregos diretos ou indiretos gerados. Os reflexos aparecem nos impostos arrecadados, nos fornecedores que se instalam ao redor do empreendimento, no comércio e serviços em geral, enfim, produz um efeito multiplicador com benefícios para toda economia local.

Principais resultados:

A seguir, seguem os principais resultados obtidos com o estudo, dividido em três etapas: setor imobiliário, impacto nos setores comercial e de serviços e impacto no desenvolvimento urbano e social.

  1.  Impactos no setor imobiliário

A percepção de valorização imobiliária na região do entorno imediato do shopping center instalado foi 46% superior à percepção da valorização do restante da cidade.

Dados do estudo revelam ainda que a chegada dos centros de compras também provoca uma reativação de estabelecimentos de comércio e serviços no entorno, derrubando assim o estigma de que shoppings prejudicam o comércio de rua.

A valorização dos imóveis nestas cidades pode ser comprovada pelo aumento de 82% de arrecadação do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). É possível afirmar que os fatores decorrentes da entrada de um shopping, como a construção de novas vias de acesso, melhoria no tipo de construção e padrão de acabamento dos imóveis em seu entorno, além da própria proximidade com um grande centro comercial, são alguns dos principais fatores que contribuem para a valorização dos imóveis.

Outro índice que comprova a valorização territorial e o desenvolvimento imobiliário da cidade é o ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis), que demonstra as transações ocorridas no setor imobiliário. Os municípios em análise pela pesquisa apresentaram crescimento de 168% do ITBI, frente a 141% de crescimento dos municípios em comparação.

  1.  Impacto no Setor Comercial e de Serviços

Os setores comercial e de serviços mostraram-se diretamente impactados pela implantação de um shopping center. O estudo aponta que grande parte das cidades tem nos setores de comércio e de serviços os grandes motores da economia local, os quais possuem grande relevância na arrecadação de impostos e na geração de empregos.

O ISS e o ICMS são indicadores diretos do desenvolvimento econômico no município. O estudo aponta que os municípios que receberam shopping center tiveram crescimento de 130% de arrecadação do ISS e 79% de ICMS, em contrapartida ao crescimento de 79% e 52% da arrecadação, respectivamente, em cidades que não receberam um shopping center.

Além de gerar receitas tributárias, o shopping center gera maior formalização dos serviços e do comércio local, estimulando a qualificação e a profissionalização no comércio e nos prestadores de serviços da região, que por sua vez buscam equiparar-se ao nível da nova oferta comercial implantada, gerando um ciclo virtuoso entre os setores.

Um shopping de porte médio gera aproximadamente duas mil vagas de empregos diretos. Durante o período analisado observou-se um crescimento do número de postos de trabalho cresceu 34% nas cidades com shopping contra apenas 14% das cidades sem shopping. Este número reflete não só os postos de trabalho criados pelo shopping, mas também o surgimento de novas empresas prestadoras de serviço e comércios no entorno do empreendimento.

O número de empregos totais nas cidades com shopping também cresceu significativamente. As cidades com shopping tiveram um aumento de 67% no número total de postos de trabalho contra um crescimento de apenas 37% das cidades sem shopping.

  1. Impacto no Desenvolvimento Urbano e Social

O desenvolvimento urbano e social que a chegada do shopping center agrega a um município pode ser avaliado pelo aumento da qualidade de vida dos cidadãos. Para isso, são analisadas as seguintes informações: empregos por habitante, frota de veículos, impressões quanto a melhoras urbanas ocorridas na região e impressões quanto a mudanças no setor comercial da região.

A evolução da relação de empregos por número de habitantes mostra-se superior em municípios com shopping center, 37%, do que as cidades analisadas que não receberam um centro de compras, 22%. Esta relação mostra-se ainda mais clara quando se analisa empregos ligados aos setores de comércio e serviços: o crescimento foi de 34% nas cidades com shoppings e 14% nas cidades sem.

O crescimento da frota de veículos de uma cidade que recebeu um shopping center foi de 52% ante a 43% das cidades comparadas. A frota de veículos é considerada um importante indicador de desenvolvimento econômico de uma cidade por sinalizar a melhora na qualidade de vida da população no que se refere ao acesso ao crédito, evolução de renda e poder de compra e urbanização.

Segundo 59% dos moradores das cidades analisadas, houve a percepção de melhorias físicas nas residências próximas ao shopping. A impressão é que a chegada de um shopping center novo, com arquitetura aprazível, além de urbanizar regiões ainda pouco exploradas,  valoriza os imóveis existentes.

Apesar de ainda existir o estigma de que a chegada de um shopping center prejudica e até compromete a sobrevivência do varejo de rua, pode-se observar, nas lojas de rua, um movimento  rumo à renovação e atualização dos ativos, assim como a qualificação do atendimento e dos serviços. Portanto, a competição mostra-se saudável na direção do aumento na qualidade geral dos serviços prestados.

Da mesma forma, tende a ocorrer a ampliação do mix local, com a instalação de novas redes varejistas de atuação nacional e marcas consagradas. Essas novas operações são atraídas pela nova dinâmica do comércio local, muitas vezes impactada pela abertura do shopping.

Sobre o setor

A indústria de shopping centers no Brasil vem demonstrando um crescimento vigoroso nos últimos tempos. Só nos últimos cinco anos foram inaugurados 94 empreendimentos em todo o País. O faturamento do setor já representa 19% de todas as vendas do varejo nacional.

Em dezembro de 2012 havia exatos 457 shoppings em operação.  Estima-se que existam 498 no final de 2013.

Cristina Esteche

Jornalista

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